sexta-feira, 10 de outubro de 2008

Tempos Modernos___lulu santos

Eu vejo a vida melhor no futuro
Eu vejo isso por cima de um muro
De hipocrisia que insiste em nos rodear...

Eu vejo a vida mais clara e farta
Repleta de toda satisfação
Que se tem direito do firmamento ao chão...

Eu quero crer no amor numa boa
Que isso valha pra qualquer pessoa
Que realizar, a força que tem uma paixão...

Eu vejo um novo começo de era
De gente fina, elegante e sincera
Com habilidade pra dizer mais sim
Do que não, não, não...

Hoje o tempo voa amor, escorre pelas mãos
Mesmo sem se sentir que não há tempo que volte amor
Vamos viver tudo que há pra viver
Vamos nos permitir...

terça-feira, 7 de outubro de 2008

TRAVESSIA___milton nascimento

Quando você foi embora
Fez-se noite em meu viver
Forte eu sou mas não tem jeito,
Hoje eu tenho que chorar
Minha casa não é minha,
E nem é meu este lugar
Estou só e não resisto,
Muito tenho prá falar

Solto a voz nas estradas,
Já não quero parar
Meu caminho é de pedras,
Como posso sonhar
Sonho feito de brisa,
Vento vem terminar
Vou fechar o meu pranto,
Vou querer me matar

Vou seguindo pela vida
Me esquecendo de você
Eu não quero mais a morte,
Tenho muito que viver
Vou querer amar denovo
E se não der não vou sofrer
Já não sonho, hoje faço
Com meu braço o meu viver

José___drummond

E agora, José?
A festa acabou,
a luz apagou,
o povo sumiu,
a noite esfriou,
e agora, José?
e agora, você?
você que é sem nome,
que zomba dos outros,
você que faz versos,
que ama, protesta?
e agora, José?

Está sem mulher,
está sem discurso,
está sem carinho,
já não pode beber,
já não pode fumar,
cuspir já não pode,
a noite esfriou,
o dia não veio,
o bonde não veio,
o riso não veio
não veio a utopia
e tudo acabou
e tudo fugiu
e tudo mofou,
e agora, José?

E agora, José?
Sua doce palavra,
seu instante de febre,
sua gula e jejum,
sua biblioteca,
sua lavra de ouro,
seu terno de vidro,
sua incoerência,
seu ódio - e agora?

Com a chave na mão
quer abrir a porta,
não existe porta;
quer morrer no mar,
mas o mar secou;
quer ir para Minas,
Minas não há mais.
José, e agora?

Se você gritasse,
se você gemesse,
se você tocasse
a valsa vienense,
se você dormisse,
se você cansasse,
se você morresse...
Mas você não morre,
você é duro, José!

Sozinho no escuro
qual bicho-do-mato,
sem teogonia,
sem parede nua
para se encostar,
sem cavalo preto
que fuja a galope,
você marcha, José!
José, para onde?

segunda-feira, 6 de outubro de 2008

Programão

O CQC de hoje tá d+...imperdível

domingo, 5 de outubro de 2008

Pesquisa PGH

Pois é, não foi só a pesquisa do IBOPE que pisou na bola. A pesquisa que o PGH realizou sobre a eleição municipal de 2008 em Maringá também errou feio.

Se bem que a pesquisa visava verificar quem o leitor do PGH achava que ia ganhar a eleição, e não em quem ele iria votar. A pergunta era: "QUEM VAI GANHAR A ELEIÇÃO PARA PREFEITO EM MARINGÁ ? (A PERGUNTA É CLARA. NÃO QUERO SABER EM QUEM VOCÊ VAI VOTAR OU QUEM VOCÊ GOSTARIA QUE GANHASSE. QUERO SABER QUEM VOCÊ ACHA QUE VAI GANHAR.)"

E o povo achava o seguinte:

João Ivo.............102 votos - 39,53%
Enio Verri.......... 70 votos - 27,13%
Silvio Barros...... 54 votos - 20,94%
Quinteiro........... 19 votos - 7,36%
Nenhum Deles.. 13 votos - 5,04%

258 Leitores votaram entre 01 de Julho a 30 de Setembro de 2008.

Obrigado a quem votou.

Inspiração para o Netinho


E chegamos aos 10.000 acessos.

Parabéns ao PGH !!!

sábado, 4 de outubro de 2008

METADE___oswaldo montenegro

Que a força do medo que tenho
não me impeça de ver o que anseio
que a morte de tudo em que acredito
não me tape os ouvidos e a boca
porque metade de mim é o que eu grito
mas a outra metade é silêncio.

Que a música que ouço ao longe
seja linda ainda que tristeza
que a mulher que amo seja pra sempre amada
mesmo que distante
porque metade de mim é partida
mas a outra metade é saudade.

Que as palavras que eu falo
não sejam ouvidas como prece

e nem repetidas com fervor
apenas respeitadas como a única coisa
que resta a um homem inundado de sentimentos
porque metade de mim é o que ouço
mas a outra metade é o que calo.

Que essa minha vontade de ir embora
se transforme na calma e na paz que eu mereço
e que essa tensão que me corrói por dentro
seja um dia recompensada
porque metade de mim é o que penso
mas a outra metade é um vulcão.

Que o medo da solidão se afaste
e que o convívio comigo mesmo

se torne ao menos suportável
que o espelho reflita em meu rosto um doce sorriso
que eu me lembro herdado da infância
porque metade de mim é a lembrança do que fui
a outra metade não sei.

Que não seja preciso mais do que uma simples alegria
pra me fazer aquietar o espírito
e que o teu silêncio me fale cada vez mais
porque metade de mim é abrigo
mas a outra metade é cansaço.

Que a arte nos aponte uma resposta
mesmo que ela não saiba
e que ninguém a tente complicar
porque é preciso simplicidade pra fazê-la florescer
porque metade de mim é platéia
e a outra metade é canção

E que a minha loucura seja perdoada
porque metade de mim é amor
e a outra metade... também

sexta-feira, 3 de outubro de 2008

Sabedoria Popular

"Se
sacrifício
fosse
fácil
chamava
sacrifácil."

Vereador Gago - Parte I

Vereador Gago - Parte II

"Estamos todos no inferno."___marcola

É bem extenso, mas vale a pena ler. Entrevista do Narco-Star Marcola para a revista ÉPOCA.
Tem mais aqui e aqui.
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Você é do PCC ?
- Mais que isso, sou um sinal de novos tempos. Era pobre e invisível... Vocês nunca me olharam durante décadas... E antigamente era mole resolver o problema da miséria... O diagnóstico era óbvio: migração rural, desnível de renda, poucas favelas, ralas periferias... A solução é que nunca vinha... Que fizeram? Nada. O governo federal alguma vez alocou uma verba para nós? Só aparecíamos nos desabamentos no morro ou nas músicas românticas sobre a "beleza dos morros ao amanhecer", essas coisas... Agora, estamos ricos com a multinacional do pó. E vocês estão morrendo de medo... Somos o início tardio de vossa consciência social... Viu? Sou culto... Leio Dante na prisão...

- Mas...a solução seria...
- Solução? Não há mais solução, cara... A própria idéia de "solução" já é um erro. Já olhou o tamanho das 560 favelas do Rio? Já andou de helicóptero por cima da periferia de São Paulo? Solução como? Só viria com muitos bilhões de dólares gastos organizadamente, com um governante de alto nível, uma imensa vontade política, crescimento econômico, revolução na educação, urbanização geral; e tudo teria de ser sob a batuta quase que de uma "tirania esclarecida", que pulasse por cima da paralisia burocrática secular, que passasse por cima do Legislativo cúmplice (ou você acha que os 287 sanguessugas vão agir?; se bobear, vão roubar até o PCC...) e do Judiciário que impede punições. Teria de haver uma reforma radical do processo penal do País, teria de haver comunicação e inteligência entre polícias municipais, estaduais e federais (fazer até conference calls entre presídios...) E tudo isso custaria bilhões de dólares e implicaria uma mudança psicossocial profunda na estrutura
política do País. Ou seja: é impossível. Não há solução.

- Você não tem medo de morrer?
- Vocês é que têm medo de morrer, eu não. Aliás, aqui na cadeia vocês não podem entrar e me matar...mas eu posso mandar matar vocês lá fora... Somos homens-bomba. Na favela tem 100 mil homens-bomba... Estamos no centro do "Insolúvel", mesmo... Vocês no bem e eu no mal e, no meio, a fronteira da morte, a única fronteira.
Já somos uma outra espécie, já somos outros bichos, diferentes de vocês. A morte para vocês é um drama cristão numa cama, no ataque do coração... A morte para nós é o "presunto" diário, desovado numa vala... Vocês intelectuais não falavam em "luta de classes", em "seja marginal seja herói"? Pois é: chegamos, somos nós! Há há... Vocês nunca esperavam esses guerreiros do pó, né?
Sou inteligente. Leio, li 3 mil livros e leio Dante...mas meus soldados todos são estranhas anomalias do desenvolvimento torto deste País. Não há mais proletários, ou infelizes ou explorados. Há uma terceira coisa crescendo aí fora, cultivado na lama, se educando no absoluto analfabetismo, se diplomando nas cadeias, como um monstro Alien escondido nas brechas da cidade. Já surgiu uma nova linguagem. Vocês não ouvem as gravações feita "com autorização da Justiça"? Pois é. É outra língua. Estamos diante de uma espécie de pós-miséria. Isso. A pós-miséria gera uma nova cultura assassina, ajudada pela tecnologia, satélites, celulares, internet, armas modernas. É a merda com chips, com megabytes. Meus comandados são uma mutação da espécie social, são fungos de um grande erro sujo.

- O que mudou nas periferias?
- Grana. A gente hoje tem. Você acha que quem tem 40 milhões de dólares como o Beira-mar não manda? Com 40 milhões a prisão é um hotel, um escritório... Qual a polícia que vai queimar essa mina de ouro, tá ligado?
Somos uma empresa moderna, rica. Se funcionário vacila, é despedido e jogado no "microondas... há,há... Vocês são o Estado quebrado, dominado por incompetentes.
Temos métodos ágeis de gestão. Vocês são lentos e burocráticos. Lutamos em terreno próprio. Vocês em terra estranha. Não tememos a morte. Vocês morrem de medo.
Somos bem armados. Vocês vão de "três oitão". Estamos no ataque. Vocês na defesa. Vocês têm mania de humanismo. Nós somos cruéis, sem piedade.
Vocês nos transformam em superstars do crime. Fazemos vocês de palhaços. Somos ajudados pela população das favelas, por medo ou por amor. Vocês são odiados.
Vocês são regionais, provincianos. Nossas armas e produto vêm de fora; somos globais. Não nos esquecemos de vocês; são nossos fregueses. Vocês nos esquecem assim que passa o surto de violência.

- Mas o que devemos fazer?
- Vou dar um toque, mesmo contra mim. Peguem os barões do pó! Tem deputado, senador, tem generais, tem até ex-presidentes do Paraguai nas paradas de cocaína e armas.
Mas quem vai fazer isso? O Exército? Com que grana? Não tem dinheiro nem para o rancho dos recrutas... O País está quebrado, sustentando um Estado morto a juros de 20% ao ano, e o Lula ainda aumenta os gastos públicos, empregando 40 mil picaretas. O Exército vai lutar contra o PCC e o CV? Estou lendo o Klausewitz, "Sobre a Guerra". Não há perspectiva de êxito... Somos formigas devoradoras, escondidas nas brechas... A gente já tem até foguete antitanques... Se bobear, vão rolar uns Stingers aí... Pra acabar com a gente, só jogando bomba atômica nas favelas... Aliás, a gente acaba arranjando também "umazinha" daquelas bombas sujas mesmo... Já pensou? Ipanema radioativa?

- Mas...não haveria solução?
- Vocês só podem chegar a algum sucesso se desistirem de defender a "normalidade". Não há mais normalidade alguma. Vocês precisam fazer uma autocrítica da própria incompetência.
Mas vou ser franco...na boa...na moral... Estamos todos no centro do "Insolúvel". Só que nós vivemos dele e vocês...não têm saída. Só a merda. E nós já trabalhamos dentro dela.
Olha aqui, mano, não há solução. Sabem por quê? Porque vocês não entendem nem a extensão do problema. Como escreveu o divino Dante: Lasciate ogni speranza voi che entrate! Percam todas as esperanças. Estamos todos no inferno.

Para 1 dia de férias: Motinha e Marisa Monte

DIARIAMENTE___nando reis / marisa monte
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Para calar a boca: Rícino
Para lavar a roupa: Omo
Para viagem longa: Jato
Para difíceis contas: Calculadora

Para o pneu na lona: Jacaré
Para a pantalona: Nesga
Para pular a onda: Litoral
Para lápis ter ponta: Apontador

Para o Pará e o Amazonas: Látex
Para parar na pamplona: Assis
Para trazer à tona: Homem - Rã
Para a melhor azeitona: Ibéria

Para o presente da noiva: Marzipã
Para Adidas: O Conga Nacional
Para o outono a folha: Exclusão
Para embaixo da sombra: Guarda -Sol

Para todas as coisas: Dicionário
Para que fiquem prontas: Paciência
Para dormir a fronha: Madrigal
Para brincar na gangorra: Dois

Para fazer uma toca: Bobs
Para beber uma coca: Drops
Para ferver uma sopa: Graus
Para a luz lá na roça: 220 volts

Para vigias em ronda: Café
Para limpar a lousa: Apagador
Para o beijo da moça: Paladar
Para uma voz muito rouca: Hortelã

Para a cor roxa: Ataúde
Para a galocha: Verlon
Para ser moda: Melancia
Para abrir a rosa: Temporada

Para aumentar a vitrola: Sábado
Para a cama de mola: Hóspede
Para trancar bem a porta: Cadeado
Para que serve a calota: Volkswagen

Para quem não acorda: Balde
Para a letra torta: Pauta
Para parecer mais nova: Avon
Para os dias de prova: Amnésia

Para estourar a pipoca: Barulho
Para quem se afoga: Isopor
Para levar na escola: Condução
Para os dias de folga: Namorada

Para o automóvel que capota: Guincho
Para fechar uma aposta: Paraninfo
Para quem se comporta: Brinde
Para a mulher que aborta: Repouso

Para saber a resposta: Vide - o - Verso
Para escolher a compota: Jundiaí
Para a menina que engorda: Hipofagi
Para a comida das orcas: Krill

Para o telefone que toca
Para a água lá na poça
Para a mesa que vai ser posta
Para você o que você gosta
Diariamente...

quarta-feira, 1 de outubro de 2008

Fragmento

Deixou cair na caçarola a batala já fria. E ficou em silêncio, as mãos abertas em torno da vasilha. Apertou os olhos.

Deles, irradiou-se para todo o rosto uma expressão dura. Dois anos seguidos esperou por ela. Pois não prometera levá-lo? Não prometera?

Nem lhe sabia o nome, não sabia nada a seu respeito, era apenas "A Madrinha".

Inutilmente a procurava entre as moças que apareciam no fim do ano com os pacotes de presentes.

Inutilmente cantava mais alto do que todos no fim da festa, quando entáo se reunia aos meninos na capela. Ah, se ela pudesse ouvi-lo:

-O bom Jesus é quem nos traz
A mensagem de amor e alegria..."

Lygia Fagundes Telles In:Biruta

Tranquilidade...

"Tranquilidade, calma, só isso. Vamos subir lá e fazer o nosso com calma, com tranquilidade !"
Cap. Nascimento