Gastou toda a ira de seus pensamentos quando ela adentrou o apartamento, molhada, exausta, sôfrega, mas silenciosa. Pensou num modo de inquirí-la sobre a demora, sobre o horário avançado ou simplesmente aproximar-se dos seus longos cabelos e buscar cheiros de bebida, cigarro ou Stiletto. Revoltou-se consigo mesmo por sentir-se impotente diante da sua fraqueza, sua amada, sua esposa. Ouviu, silente, a água do chuveiro banhar-lhe o corpo; imaginou a esponja embebida do sabonete esfregar por todos os poros, cada canto, cada pêlo; encobriu com o fino lençol e buscou, nos sonhos, as respostas para seu sofrimento.
Ela, como sempre, não o procurou naquela noite.
Ela, como sempre, não o procurou naquela noite.
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