O consumo diário de álcool promove mudanças no comportamento sexual masculino. A afirmação é de um estudo feito por um grupo da Universidade Penn State, nos Estados Unidos, publicada nesta quarta-feira (2/1) na PloS One, da Public Library of Science.
De acordo com os autores, a pesquisa levou a descobertas de grande importância para estudos sobre alcoolismo. O estudo é o primeiro a caracterizar efeitos da exposição crônica ao álcool em moscas-das-frutas, modelo escolhido para o trabalho.
"Evidências fisiológicas que apóiem teorias a respeito do efeito de bebidas álcoolicas são escassas. Por conta disso, poder contar com um modelo animal adequado possibilitou a condução de uma pesquisa laboratorial muito necessária nesse assunto", disse o neurocientista Kyung-An Han, líder do grupo. Segundo Han, informações derivadas do trabalho poderão servir como base para estudos semelhantes em outros animais, incluindo o homem.
Os pesquisadores administraram doses diárias de etanol a moscas-das-frutas de modo a simular o hábito do consumo freqüente de bebidas. O grupo investigou diversos fatores que influenciam os efeitos do etanol, como experiência anterior, idade e características genéticas e celulares.
Uma das descobertas da equipe foi que machos submetidos diariamente ao álcool, que tipicamente cortejam fêmeas, passaram também a cortejar ativamente outros machos. "Identificamos moléculas fundamentais para a desinibição induzida pelo álcool e verificamos que a dopamina é um mediador-chave para a corte induzida entre machos", explicou Han.
Outra conclusão do estudo é que a exposição repetida ao etanol fez com que machos passassem a procurar com maior freqüência a relação com outros machos. "Se um comportamento como o consumo de álcool se torna mais prazeroso à medida que ele se torna mais freqüente, há maiores chances de que os indivíduos continuem a repeti-lo", disse Han.
Os pesquisadores suspeitam que o que chamam de "sensibilização comportamental" resulte de mudanças adaptivas nas células cerebrais induzidas pelo consumo crônico de álcool. Na continuação do estudo, pretendem usar a sensibilização como um modelo para estudos fisiológicos de comportamentos ligados à dependência química.
Nenhum comentário:
Postar um comentário