domingo, 20 de janeiro de 2008

No coração do mundo


foto Bulla Jr.

“Quando eu cheguei e vi, fui dominado por um sentimento de que não era eu. Estava descrente de que minhas obras tinham chegado no coração do mundo. Era como se tratasse de outra pessoa. Foi difícil aceitar”, conta o artista plástico maringaense, Jorge Pedro.

Depois de vencer a 1ª Bienal Internacional de Sorocaba, realizada entre agosto e setembro do ano passado, o artista foi convidado a expor na conceituada galeria Century com três obras entre os dias 4 e 19 de janeiro, dividindo o espaço com outros 20 artistas. Foram vistas pelo público americano, "Paganini", "Música Silente" e "O sátiro de Michelangelo".

A exposição não foi divulgada antes porque Jorge Pedro não quis criar qualquer expectativa; nem nele, nem nas pessoas que o cercam. Calmo e simples como sua fala sempre pensada, o artista preferiu ir e conferir de perto. E ele viu uma cidade com enormes prédios abrigando mais de 500 galerias. Viu artistas disputando a atenção de apreciadores, compradores e especialistas. Viu o verdadeiro mercado de arte. No meio de tanta grandiosidade, como seria a recepção? Como conseguir ser visto?

“Fiquei pensando: estou na América do Sul, interior do mundo. Estou no Brasil, no meio da América do Sul. No Paraná, no interior do Brasil. Em Maringá, no interior do Paraná. Pensava que não estava conectado com o resto do Planeta, desvalorizando a minha produção por ter menos tecnologia ou informação. A minha surpresa foi que o trabalho local é a grande preferência do mundo hoje. Minha surpresa foi com a surpresa deles”, justifica Pedro.

Ele se refere ao fato de que o mercado está voltando os olhos para artistas que desenvolvem suas obras no local de origem, com os materiais que têm à mão. No caso do maringaense, madeira de demolição, ferro, réplicas de instrumentos musicais, entre outros. “Se estivesse em Nova York, nunca teria os materiais que encontro aqui”.

O artista diz que a exposição em Nova York é, até agora, somente uma marca em sua história pessoal. “Não me deslumbrei. Vi vários colegas, que estavam lá pela primeira vez, que estavam deslumbrados com aquilo. Eu tenho experiência o suficiente para ficar feliz com isso, mas não alimentar expectativas falsas. Não sou de lá. Estou lá e talvez não fique”, declara, seguro, tranqüilo.

“A maior dificuldade de um artista não é ser reconhecido lá fora e sim ser reconhecido em sua própria cidade. Meu objetivo era ter um trabalho reconhecido em Maringá e isso eu consegui”, destaca, satisfeito, o artista dono de uma modéstia que não se encontra muito por aí.

2 comentários:

Anônimo disse...

Parabéns Jorge Pedro!
O reconhecimento é resultado de seu trabalho e mérito.
Sem dúvidas o maior artista de Maringá.

Anônimo disse...

Sou suspeito, por ser seu primo, em tecer comentários, mas de longa data este verdadeiro artista paranaense merecia este reconhecimento um abraço.
Nilson Siqueira.