Escrevi esse texto provavelmente no verão 1995. Estava fora de casa havia 1 ano, era fim de ano e eu estava meio sozinho, meio deprê, meio perdido com relação ao meu futuro...hoje acho o texto meio pretencioso.
"sinto o vento que singrou o meu mar, vejo as ondas lamberem a minha areia", fico
Esta tudo mais longe,
a casa da esquina,
a casa da árvore,
a da carroça,
e todas as casas da minha infância,
já não estão lá,
foram destruídas,
por mim e pelo tempo;
Estou comigo e com meu cão, fiel amigo,
Há festa no clube da esquina,
a confraria dos solitários,
ouço a alegria,
é natal, feliz ano novo,
e bla, bla, bla;
E os amigos,
são irresponsáveis as pessoas,
não entendem a importância desses últimos dias,
suas ausências nos últimos dias
antecipam o final;
Mas não estou mais aqui,
estou lá,
naquela paisagem de Piraputanga,
naquela pedra na praia de Piratininga,
sinto o vento que singrou o meu mar,
vejo as ondas lamberem a minha areia,
lembro de coisas tolas, todas minhas;
Retorno à rua Abrão Júlio Rahe 558,
à rua Portugal 887
à rua Joaquim Pinheiro 381,
à rua Retiro dos Artistas 651 casa 7,
à rua Amazonas 3094;
retorno às minhas minas, gerais,
Talvez eu seja o último romântico,
acontece que o meu coração ficou frio,
vinte e três anos e nenhum sonho concebido,
sequer sonhado,
os poetas têm essa cumplicidade,
esse feed-back póstumo;
E de repente estou aqui de novo,
mais um ano novo,
mas algo está diferente,
e o amigo, o leal, onde está ?
não sobreviveu a mais um ano,
será um longo verão,
anos piores virão,
talvez sim ou talvez sim,
mas,
se eu tivesse mais alma pra dar, eu daria,
isso pra mim é viver.
(Obrigado a Lulu Santos, Pixinguinha,
Drummond e Djavan pela colaboração.)
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