Veja você: estava conversando semana passada com uma amiga sobre essa questão de prioridades, abrir mão de certas coisas, arriscar, transgredir, se entregar, desejar desesperadamente, etc... Daí Domingão, acordo cedo, pego a Folha de São Paulo e me deparo com esse artigo da Danuza Leão que cabe como uma luva no que eu estava tentando dizer...lê aí amiga...
No que dá ter juízo___danuza leão
Tenho ouvido, cada vez mais, homens e mulheres reclamando da vida, dizendo que estão achando tudo chato, que são pouquíssimas as pessoas com quem querem conversar; sair, nem pensar. Uma vez a cada 15 dias, para não virar bicho do mato de vez, aceitam ir jantar fora com dois, três amigos, e voltam dizendo: “eu não tinha nada que ter ido, já sabia que ia ser uma chatice, da próxima vez não vou mais”. Jantares com mais gente, esses não há hipótese, e se houver pessoas famosas por serem interessantíssimas, mas que você não conhece, aí é que não vai mesmo.
Não há show de Chico Buarque, João Gilberto, Caetano, que entusiasme essa gente. Ah, o flanelinha, ah, a multidão, ah, a confusão da saída; e se alguém propusesse que um desses cantores fizesse um show só para ele, alguma desculpa seria arranjada para não querer. A única coisa que os agrada é ficar em casa, vendo televisão ou lendo um livro, de preferências sós. Mas os que trabalham em alguma coisa interessante têm uma saída: falar de trabalho. A vida vai ficando cada vez mais difícil, as pessoas cada vez mais sós, mas nem por isso infelizes. Qualquer coisa, menos estar com gente. Dá pra entender? Pensando bem, até que dá.
Houve um tempo em que essas pessoas eram a alegria das festas; dançavam, diziam bobagens, eram engraçadas, todo mundo gostava delas, o telefone não parava de tocar, e a vida era muito divertida. O que aconteceu então? A idade que chegou? Não necessariamente, pois existem reclusos em todas as faixas etárias. As festas são menos animadas? Para eles são, mas há gente que não perde uma e acha todas ótimas. Mas então que historia é essa de não querer sair, não querer ver gente, não querer conhecer ninguém novo, nem - e sobretudo – Gisele Bündchen? Ah, os mistérios dessa vida.
Ai comecei a prestar atenção a essas pessoas, para saber em que elas mudaram – sim, porque está claro que foram elas que mudaram. O mundo continua o mesmo.
Lembrei de cada uma delas, pensando que nenhuma tinha responsabilidades, empresas, mulher, ex-mulher, filho. Todos podiam ir à praia, e há alguma coisa tão irresponsável do que passar a manhã pegando sol e dando um bom mergulho? E uma pessoa queimada de sol pode ser infeliz? Abaixo os dermatologistas, em primeiro lugar a felicidade.
Qual foi a mudança que aconteceu com cada um deles, que se tornaram preocupadas com o futuro, coma bolsa, se subiu ou desceu, com os paises asiáticos, com o futura da China?
É que naqueles ótimos tempos ninguém tinha juízo. A vida corria mansa, sem uma só preocupação com o futuro – futuro? E isso existia?-,mas com o tempo fomos ficando responsáveis e ganhando juízo. De tanto ouvir nosso pais dizendo “essa menina precisa criar juízo”, criamos, e somos hoje uma turma de desanimados, quase deprimidos, pois não temos mais coragem de falar bobagens, cobiças ostensivamente a mulher do próximo, beber além da conta, dar um grande vexame, e sobretudo, sobretudo, deixar de ir ao trabalho numa quarta feira para ir à praia, porque criamos juízo.
Como era bom o tempo em que não tínhamos nenhum.
No que dá ter juízo___danuza leão
Tenho ouvido, cada vez mais, homens e mulheres reclamando da vida, dizendo que estão achando tudo chato, que são pouquíssimas as pessoas com quem querem conversar; sair, nem pensar. Uma vez a cada 15 dias, para não virar bicho do mato de vez, aceitam ir jantar fora com dois, três amigos, e voltam dizendo: “eu não tinha nada que ter ido, já sabia que ia ser uma chatice, da próxima vez não vou mais”. Jantares com mais gente, esses não há hipótese, e se houver pessoas famosas por serem interessantíssimas, mas que você não conhece, aí é que não vai mesmo.
Não há show de Chico Buarque, João Gilberto, Caetano, que entusiasme essa gente. Ah, o flanelinha, ah, a multidão, ah, a confusão da saída; e se alguém propusesse que um desses cantores fizesse um show só para ele, alguma desculpa seria arranjada para não querer. A única coisa que os agrada é ficar em casa, vendo televisão ou lendo um livro, de preferências sós. Mas os que trabalham em alguma coisa interessante têm uma saída: falar de trabalho. A vida vai ficando cada vez mais difícil, as pessoas cada vez mais sós, mas nem por isso infelizes. Qualquer coisa, menos estar com gente. Dá pra entender? Pensando bem, até que dá.
Houve um tempo em que essas pessoas eram a alegria das festas; dançavam, diziam bobagens, eram engraçadas, todo mundo gostava delas, o telefone não parava de tocar, e a vida era muito divertida. O que aconteceu então? A idade que chegou? Não necessariamente, pois existem reclusos em todas as faixas etárias. As festas são menos animadas? Para eles são, mas há gente que não perde uma e acha todas ótimas. Mas então que historia é essa de não querer sair, não querer ver gente, não querer conhecer ninguém novo, nem - e sobretudo – Gisele Bündchen? Ah, os mistérios dessa vida.
Ai comecei a prestar atenção a essas pessoas, para saber em que elas mudaram – sim, porque está claro que foram elas que mudaram. O mundo continua o mesmo.
Lembrei de cada uma delas, pensando que nenhuma tinha responsabilidades, empresas, mulher, ex-mulher, filho. Todos podiam ir à praia, e há alguma coisa tão irresponsável do que passar a manhã pegando sol e dando um bom mergulho? E uma pessoa queimada de sol pode ser infeliz? Abaixo os dermatologistas, em primeiro lugar a felicidade.
Qual foi a mudança que aconteceu com cada um deles, que se tornaram preocupadas com o futuro, coma bolsa, se subiu ou desceu, com os paises asiáticos, com o futura da China?
É que naqueles ótimos tempos ninguém tinha juízo. A vida corria mansa, sem uma só preocupação com o futuro – futuro? E isso existia?-,mas com o tempo fomos ficando responsáveis e ganhando juízo. De tanto ouvir nosso pais dizendo “essa menina precisa criar juízo”, criamos, e somos hoje uma turma de desanimados, quase deprimidos, pois não temos mais coragem de falar bobagens, cobiças ostensivamente a mulher do próximo, beber além da conta, dar um grande vexame, e sobretudo, sobretudo, deixar de ir ao trabalho numa quarta feira para ir à praia, porque criamos juízo.
Como era bom o tempo em que não tínhamos nenhum.
Nenhum comentário:
Postar um comentário