domingo, 30 de maio de 2010

20 reais e 40 minutos

Chovia copiosamente.
Conferi os bolsos e o relógio, tinha 20 reais e 40 minutos. Havia pouca gente no terminal. Também, não era pra menos, sexta-feira depois das nove da noite, só um louco pra sair de casa de ônibus com um tempo desses sem um bom motivo.
Avistei a locadora e, instintivamente, pensei no guarda-chuva. Ela dizia que aquilo na minha mão era uma arma, mas na verdade não é que eu fosse desajeitado com as mãos, mas o guarda-chuva era muito grande e sempre que ia entrar em um ambiente fechado procurava logo divisar um lugar para guarda-lo.
Locadora no centro da cidade, praticamente embaixo da catedral, lugar de gente mega-tocha, com certeza devem ter pensado nisso, ou será que bacana não usa guarda-chuva. Pulei.
Deixei o guarda-chuva em pé, junto à porta, certamente ele iria escorrer e molhar o chão, alguma velhinha ia escorregar, bater a cabeça e sangrar até morrer, já podia até ver o giroflex piscante do SIATE.
Mas enquanto a profecia não se cumpria, aproveitei a luz clara e abundante do local para dar uma olhada nas prateleiras, praticamente vazias àquela hora, enquanto esperava a chuva amainar.
Agora tinha 14 reais e 30 minutos.

MD. Insaurralde

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