sexta-feira, 24 de dezembro de 2010

Após prova considerada homofóbica, centro acadêmico estuda adotar nome de aluna


A jovem homossexual Narailka Yasmin Soares e Silva, de 20 anos, disse que passou mal após ter feito uma prova do curso de serviço social da Faculdade Adelmar Rosado, em Teresina (PI), contendo um artigo considerado homofóbico por colegas, conforme relatou a Folha nesta semana.

Trecho do artigo, contrário à união civil homoafetiva, diz que homossexuais não podem expressar o amor, pois a relação sexual é feita "no mais puro estilo animal".

Narailka saiu da sala e foi acompanhada de outros cerca de 30 estudantes da turma. O professor de metodologia de trabalho científico foi demitido, segundo anunciou a faculdade.

"Eu não pensei que aquela minha atitude fosse ter esse respaldo todo, fosse chegar onde chegou", disse ela à reportagem. "Foi tudo involuntário, eu realmente passei mal."

O CA quer levar o assunto à próxima sessão da Câmara de Teresina e estuda adotar nome de aluna.

Em carta enviada à faculdade, a Liga Brasileira de Lésbicas no Piauí definiu o texto como "marcadamente homofóbico" e elogiou a decisão de demitir o professor.

Marinalva Santana, articuladora do grupo no Estado, disse que o objetivo agora é suscitar entre os alunos o debate sobre o respeito à diversidade sexual, inclusive com a realização de um "grande seminário" em 2011.

OUTRO LADO

O professor Raimundo Leôncio Fortes, que assumiu a autoria do texto, justificou que o artigo não estimula a discriminação.

Na quarta-feira, ele encaminhou à reportagem uma carta aberta aos estudantes, em que diz não ter tido a intenção de "contrariar o pensamento e ferir os sentimentos das pessoas".

Para ele, o uso do texto teve "caráter pedagógico, uma vez que o mesmo apresenta uma estrutura lógica compatível com aquilo que se estava pedindo na prova".

"Porém, não posso concordar com a ideia de que assumir uma posição contrária à legalização da união civil entre homossexuais signifique manifestar discriminação a este grupo. Afinal de contas, estamos numa democracia, e nela todos têm direito de expressar seu pensamento [...]"

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