dizer a verdade, não senti falta, bom chegar tarde, esquecido na conversa
da esquina. Não foi ausência por uma semana: o batom ainda no lenço, o
prato na mesa por engano, a imagem de relance no espelho.
Com os dias, Senhora, o leite primeira vez coalhou. A notícia
de sua perda veio aos poucos: a pilha de jornais ali no chão,
ninguém os guardou debaixo da escada. Toda a casa era um
corredor deserto, e até o canário ficou mudo. Para não dar
parte de fraco, ah, Senhora, fui beber com os amigos. Uma hora
da noite eles se iam e eu ficava só, sem o perdão de sua
presença a todas as aflições do dia, como a última luz na
varanda.
E comecei a sentir falta das pequenas brigas por causa do
tempero da salada – meu jeito de querer bem. Acaso é saudade,
Senhora? Às suas violetas, na janela, não lhes poupei água e
elas murcham. Não tenho botão na camisa, calço a meia furada.
Que fim levou o saca-rolhas? Nenhum de nós sabe, sem a
Senhora, conversar com os outros: bocas raivosas mastigando.
Venha para casa, Senhora, por favor.
2 comentários:
Marcos Daniel,
Sou o Daniel Gutierres, trabalhamos juntos por um período no Atacadão. Que anda fazendo da vida? Te achei por acaso no Orkut, e vim parar aqui. Morando em Maringá ? Eu saí daí em 2003, fui pra região Oeste do Estado e h´´a um ano estou em Ivaiporã,160 km de Maringá. Mas tô sempre aí. Entre em contato,pra que a gente converse pessoalmente quando eu for aí. Não tem filhos? Mas continua casado com a Vélbia sim?Até mais, um abração!
Meu contato: dgutierres@gmail.com
Daniel
Postar um comentário