quinta-feira, 16 de setembro de 2010

Tal e qual um coração

Meteu-se em mangas de camisa e bermuda. Calçou o chinelo de dedo. O joelho doía pra cacete, mal conseguia arrumar a mochila, mas sabia que era preciso. Da outra vez ficara horas esperando atendimento no PS do Santa Rita, assistindo aquele maldito canal de vendas, como era mesmo o nome?
Separou a revista da semana, um jornal e um livro. Exagero, pensou.

Se apressou para não perder o coletivo. Outro Miosótis só daqui a 1h e 20 min, e com o joelho desse jeito ia ser foda ter que andar até o bairro vizinho para pegar o zero onze.
Subiu com dificuldade, o motorista/trocador lhe olhou com indulgência. Eram 6 e 10 da tarde mas haviam bancos vazios. Deslizou com cuidado em um deles, no lado onde não pagava sol. O joelho reclamou.

Tentou se distrair com o fóston: Será que é realmente obrigatório estudar pra ter vocabulário ? Procurou interpretar sobre o que conversavam duas meninas mudas à sua frente. Talves sobre a Eloá, assunto de capa da revista que folheava displicentemente, talvez da crise econômica.
Desceu no terminal, cheio àquela hora. Sua conexão acabará de sair e o joelho latejava tal e qual um coração.

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