O novo primeiro-ministro inglês David Cameron afirmou em recente entrevista à uma revista homossexual que fará um futuro governo conservador "gay-friendly", sinalizando ser favorável à transformação das uniões civis homossexuais em casamento e à adoção de crianças por homossexuais. Cameron prometeu, entre outras coisas, promover uma repressão ao bullying nas escolas (sobretudo quando baseado na fé) e orientações que vão obrigar as escolas religiosas a cumprir com a normalização da homossexualidade. Escolas religiosas não devem ensinar a doutrina cristã sobre a sexualidade como se ela fosse verdadeira: “A Igreja da Inglaterra deve mudar as suas políticas sobre a homossexualidade. O primeiro-ministro se esforçou para convencer os homossexuais que o novo Partido Conservador será a amigável para com causa gay: "Acho que podemos olhar para os gays nos olhos e dizer: 'Vocês agora podem nos apoiar porque nós agora apoiamos a igualdade gay'."
Quando perguntado se entendia que o direito das crianças gays de terem uma educação segura estaria acima do direito de escolas de fé de ensinar que a homossexualidade é um pecado Cameron, um anglicano praticante, respondeu que "sim, eu acho que, se nosso Senhor Jesus estivesse entre nós hoje ele apoiaria uma forte agenda em matéria de igualdade e direitos iguais, e não julgar as pessoas por causa de sua sexualidade".
Em uma recente proclamação declarando a segunda-feira como Dia Nacional da Família, o presidente norte-americano Barak Obama incluiu casais homossexuais que criam crianças numa lista de famílias americanas. “Não importa que as crianças sejam criadas pelo pai e pela mãe, por uma mãe solteira, avós, um casal de mesmo sexo, ou um guardião”, disse Obama na proclamação, “as famílias nos incentivam a fazer nosso melhor e nos dão condições de realizar grandes coisas. Uma nação forte é composta de famílias fortes, e neste Dia da Família, rededicamo-nos a garantir que toda família americana tenha a mesma chance de construir um futuro melhor e mais saudável para si e para seus filhos”, disse ele seguindo a linha de apoio que seu governo tem dado para a agenda homossexual.
Quando Obama proclamou junho como o “Mês do Orgulho LGBT (lésbicas, gays, bissexuais, transgêneros)”, ele repetiu que ele apóia várias questões da agenda homossexual, inclusive leis contra a oposição ao homossexualismo, “ações afirmativas” homossexuais no mercado de trabalho, permissão para homossexuais assumidos nas forças armadas e adoção para casais homossexuais. Obama assinou um memorando presidencial estendendo os benefícios conjugais para parceiros homossexuais e outros parceiros de funcionários federais que não estão casados.
Nesse cenário global de discussão da homossexualidade, homoafetividade e homoparentalidade, não percebemos posicionamentos claros por parte do pré-candidatos ao Planalto sobre a temática. Imagino que uma das razões para que a “agenda gay” dos candidatos não saia do armário esta na forte rejeição que o tema ainda encontra na sociedade brasileira, sobretudo na grande camada cristã-homofóbica.
Segundo recente pesquisa nacional feita pelas fundações Perseu Abramo, ligada ao PT, e Rosa Luxemburgo, apenas 1% dos brasileiros maiores de 16 anos não têm preconceito contra homossexuais. Entre 26% e 29% - mais de um quarto da população- assumem não gostar de gays, lésbicas, travestis ou transexuais. Os demais até disfarçam, mas 99% admitiram alguma forma de homofobia. O que mais chama a atenção nessa quantidade de brasileiros que admitiu preconceito contra homossexuais é a distância em relação a outras formas de preconceito. Em duas pesquisas anteriores, 4% admitiram ter preconceito contra negros (2003) e também 4% contra idosos (2006).
A homofobia está a raiz do lado mais perverso do preconceito: a intolerância. A cada três dias de 2008, foi pelo menos um crime de ódio por orientação sexual no país, segundo o programa federal Brasil Sem Homofobia. Dentro de instituições públicas, principalmente nas polícias, a intolerância tem sido detectada. Além da violência física, o preconceito tem criado barreiras na educação e na saúde públicas.
A pesquisa sobre homofobia, que ouviu 2.014 brasileiros em 150 cidades, fez um retrato do preconceito em três dimensões: o assumido, o disfarçado e o "dos outros". Entre os preconceituosos assumidos, 16% admitiram ter forte preconceito, ao ponto de considerarem os homossexuais como "doentes", "safados" ou "sem caráter".
Por mais que não corramos o risco de ver aprovado, ou sequer aventado, qualquer projeto de lei semelhante ao de Uganda, que impõe a pena de morte para gays e prisão para suas famílias e amigos que deixarem de relatar os casos às autoridades, penso que é preciso cristalizar qual são as intensões de cada pré-candidato sobre o tema.
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