quinta-feira, 14 de julho de 2011

A Bala e o Festim


I know someday you'll have a beautiful life,
I know you'll be a star In somebody else's sky.
But why, can't it be mine !?
(Black - Pearl Jam)

Afirmo com convicção, e assumindo o risco da execração, que a separação é pior do que o luto. 

Porque o luto, por pior que seja, é um ponto final. O luto não dá margem à esperança. 

No luto há apenas dor, saudade, talvez revolta, uma tristeza abissal, com certeza, mas não esperança. 

Na separação fica esse resíduo persistente da esperança, sempre uma "mas", um "talvez", um "será!?", uma dúvida. 

É o celular que toca, a batida na porta, uma voz chamando seu nome, tudo é pretexto pra acordar a esperança.

Mesmo depois da frase "conheci outra pessoa" a esperança persiste, latejante. 

Mas por favor, não estou aqui reclamando da esperança. 

Quem ousará retirar das mães dos desaparecidos, daquelas que não puderam enterrar seus filhos, a companhia silenciosa da esperança.

Se a esperança é tudo que a vida me reserva, fico com ela. 

Tirarei ela pra dançar, tomaremos uma garapa em frente à Catedral nas noites de insônia. 

Ela ouvirá minhas histórias e lembranças. 

Riremos juntos para, depois quem sabe, morrermos abraçados à saudade.

Enfim, entre o som do disparo e o impacto da bala, SEMPRE haverá a esperança de um festim.

É a vida que segue... ou não !?

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