sábado, 6 de agosto de 2011

Morte e Vida


“Espalhando o que já está morto pro que é vivo crescer.”
(Zé Rodrix in Jesus Numa Moto)

Acho que não seja mais o caso de pensar em sobreviver. Sobreviver a tudo isso restou impossível, muito além das minhas forças. Essa dor delirante, sufocante. Essa angústia que tem me consumido. Essa traição que me amarga a alma e cala e sega o pouco que ainda há de nobre em mim. O corpo dá sinais de esgotamento. Não come, não dorme, sofre apenas. A cabeça, coitada, toda despombalizada, já perde o juízo, não diz coisa-com-coisa, não se concentra, não pensa. Como prosseguir ? Meu coração, tão vital na minha história, insiste e teima e não arreda pé: Quer Ela e pronto.

Se sobreviver a tamanho massacre, depois de tal estrago, o que restará ? Um ser magoado, amargo e triste, carregando “uma pedra no peito”? A alma seca, estéril. O sorriso (?) guardado pra sempre. A alma prostrada, a cabeça baixa. O triste cotidiano acachapante de obrigações e lembranças. Fotos e cartas trocadas. A saudade acenando nos lugares outrora freqüentados, a pulsação acelerada em cada cabelo rebelde, em cada batida na porta, em cada toque do celular. A presença constante da culpa, já em adiantada metástase, se espalhando por todos os aspectos dessa sobre-vida insana.

E o pior. A consciência da própria insignificância por parte da pessoa amada. A outra vida, antes tão unida à sua, segue seu rumo, alheio e indiferente à sua dor. Ser abandonado, substituído e, por fim, esquecido em questão de dias. Como conviver com isso.

Ninguém merece. Eu tampouco.

Já que a moda é pensar apenas na própria felicidade, se o egoísmo é o valor do momento, se o lema é “Serei feliz e os outros que se fodam”, então o melhor é desistir e entregar os pontos. Não vale a pena ser sobrevivente nesse “novo mundo”.

De qualquer maneira, no final a morte vencerá de qualquer forma e em todo e qualquer sentido. Mas será uma vitória já depois da prorrogação, nos penaltis. Embora vencedora, de tão exausta sequer conseguirá erguer a Taça. Mas vencerá.

E depois, que venha a longa estrada do renascimento.

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