"(...) Como se viu, tudo desandou. Absolutamente tudo,
o que se nota pela declaração do ministro-candidato-a-prefeito
(algo como: bater em viciado pode, em estudante, não)
e do governador (vamos dar aula de democracia para esses safadinhos),
passando pela atitude da própria polícia
(tão aplaudida como o caveirão do Bope que arrebenta favelas),
de cinegrafistas (ávidos por flagrar os “marginais” de camiseta GAP)
e de muitos, mas muitos mesmo, cidadãos que só esperavam
o ataque aéreo dos japoneses em
Pearl Harbor para, em nome da legalidade,
arremessar suas bombas atômicas sobre Hiroshima.
O episódio, em si isolado, é sintomático em vários aspectos.
Primeiro porque mostra que,
como outros temas-tabus (questão agrária, aborto…),
a discussão sobre a rebeldia estudantil é hoje um convite
para o enterro do bom senso.
O episódio foi, em todos os seus atos, uma demonstração
do que o filósofo e professor da USP Vladimir Safatle
chama de pensamento binário do debate nacional
– segundo o qual a mente humana,
como computadores pré-programados,
só suporta a composição “zero” ou “um”.
Ou seja: estamos condicionados a um debate que só serve para dividir
os argumentos em “a favor” ou “contra”, “aliado” ou “inimigo”.
Na íntegra AQUI
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