por Marcos Daniel
Gosto de frases feitas. Mais ou menos em 2004 cunhei uma. Na época eu ainda era casado e membro de uma igreja Batista. Era mais ou menos assim: "As duas coisas mais importantes da minha vida são o Deus a quem eu sirvo sem amar e a mulher a quem eu amo sem servir."
Gosto de frases feitas. Mais ou menos em 2004 cunhei uma. Na época eu ainda era casado e membro de uma igreja Batista. Era mais ou menos assim: "As duas coisas mais importantes da minha vida são o Deus a quem eu sirvo sem amar e a mulher a quem eu amo sem servir."
Pensando nisso hoje e tentando entender como TUDO deu tão errado, procuro me fixar na realidade daquela época. Eu tinha participação ativa na igreja. De coração puro e fé não-fingida eu fazia tudo aquilo que, a meu ver, agradaria a Deus. Era líder de 2 células, orava (publicamente, sozinho quase nunca), pregava em alguns cultos, evangelizava, ministrava o louvor, discipulava, freqüentava os cultos regularmente, lia a bíblia, enfim, fazia "di um tudo" pra Jesus (menos dar o dizimo... Deus me livre !)
O curioso é que, apesar disso, sempre tive consciência de que não amava a Deus. Não sentia sua presença. Entrava e saia de sua “ausência” sem nenhuma alteração, nenhum toque, nada. Mas a despeito disso, servia a Ele de todo o meu coração. Me dedicava, sacrificava meus momentos ao lado da minha esposa (que merda) em favor daquilo que achava ser o melhor comportamento para um cristão. Acho que esta nessa insistência de Deus em não me visitar a raiz dos questionamentos que culminaram com minha opção pela condição de ateu praticante. (Mas isso foi tempos atrás, hoje estou cristianizado novamente.)
Por outro lado, tinha essa mulher para sempre amada. Sempre tive um amor fantástico por ela, mas quase nunca (quase?) pratiquei esse amor. Desde aquela época a coloquei em segundo, talvez terceiro plano. Negligenciei o cuidado que ela merecia.
O tema polêmico. Será mesmo possível essa dicotomia entre amor e ação ? Muitos dirão que não. Se não há atenção, cuidado, afago, carinho no cabelo, massagem no pé, é porque não há amor.
Eu estou certo de que uma coisa é uma coisa e outra coisa é outra coisa. Defendo que seja possível em um relacionamento você encontrar sincera dedicação movida por motivos alheios ao amor. Da mesma forma como é possível encontrar profundo amor estéril.
Mas a principal conclusão a ser extraída de 2004 é que cuidado e amor, apartados, não são capazes de sustentar um relacionamento. Toda a dedicação sem amor que eu entreguei a Deus naquela época não garantiu a continuidade de nosso relacionamento. Da mesma sorte aquele amor sem frutos que ofereci não foi suficiente para sustentar meu casamento.
Deus que me perdoe... ela também.
É isso.
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