por Marcos Daniel
Vários tons de branco se misturavam à súbita vertigem, o que faz o menino se lembrar da primeira vez em que subiu no primeiro poste da primeira grande linha de transmissão do Norte Novo, ainda nos anos 80. Será agora !? Aqui e agora!? Ele fecha os olhos e sente o ar entrar em seus pulmões, agora frágeis. O branco inunda tudo à sua volta e, como tem feito nos últimos 11 anos, ele examina cada fragmento de sua história, escrutinando cada gaveta, cada vírgula, cada suspiro, até parar, como sempre, no único detalhe que interessa, o único fio solto, a resposta que nunca houve para a pergunta que nunca teve a chance de entregar. (...)
Vários tons de branco se misturavam à súbita vertigem, o que faz o menino se lembrar da primeira vez em que subiu no primeiro poste da primeira grande linha de transmissão do Norte Novo, ainda nos anos 80. Será agora !? Aqui e agora!? Ele fecha os olhos e sente o ar entrar em seus pulmões, agora frágeis. O branco inunda tudo à sua volta e, como tem feito nos últimos 11 anos, ele examina cada fragmento de sua história, escrutinando cada gaveta, cada vírgula, cada suspiro, até parar, como sempre, no único detalhe que interessa, o único fio solto, a resposta que nunca houve para a pergunta que nunca teve a chance de entregar. (...)
E ele se perde e se reencontra e se perde novamente em meio a variadas matizes, sempre com o branco servindo de fundo para esse mosaico cores, melancolias, arrependimentos e a sempre onipresente culpa. É verdade que não foi muito longe, mas quantos dos seus colegas de faculdade não chegaram sequer até ali, naquele quarto, naquele tempo, naquela tristeza e naquela saudade que ao mesmo tempo enegreciam seus dias como um nanquim e preenchiam sua existência com um fel amargo que, dizem, seria melhor do que o vazio. Jamais saberia, pois se houve uma coisa que ele nunca foi é vazio, isso não senhor. Já nasceu cheio o menino, e nunca se permitiu esvaziar.
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