sábado, 9 de março de 2013

você é um temporal atemporal

por Antônio

Preferi pensar em você como se fosse inalcançável. Como as estrelas do cinema, mudo, antigo. O cinema de hoje não tem nenhum apego. As divas são todas iguais: produzidas, facilmente recicláveis. A beleza natural morreu. Mas você sobrevive. É atemporal. É bonita agora, brilharia nos anos 70 dedilhando o solo de Stairway To Heaven em uma guitarra imaginária, teria um charme único na década de 20 lendo as notícias sobre as consequências da Primeira Guerra, e seria sem dúvida a mais bela descoberta do Renascimento, no século XV, ou daqui a 100 anos, (na lua?), onde ainda nem sequer existe padrão estético para defini-la. Preferi pensar em você como se fosse inalcançável; só assim posso me distanciar sem doer de qualquer coração em qualquer época, em qualquer tempo, sem qualquer medo. O esquecimento forçado e a lembrança calejada também são atemporais.

sexta-feira, 8 de março de 2013

A lei de talião


Quando se discute a questão da criminalidade, sempre há quem defenda a aplicação da lei do “olho por olho, dente por dente”, que consiste em impor ao delinquente castigo idêntico ao delito por ele praticado. Costuma-se chamar essa “lei” de “pena de talião”. Ou será “Talião”?

Quem grafa “Talião” talvez suponha que se trate de personagem histórico, possivelmente o “pai” da lei. Surge, então, o mistério: quem terá sido esse tal de Talião? Quando viveu? Onde nasceu? Que fim levou?

O senhor “Talião” nunca existiu. Trata-se apenas da forma portuguesa de “talionis” (do latim), da mesma família de “talio”, “talis”, “tale”, da qual provém a nossa palavra “tal”, que tem, entre outros, o significado de “semelhante”, “igual”, “análogo”, e se usa também nas expressões “tal qual” e “tal e qual”, que indicam idéia de igualdade. No “Aurélio”, o primeiro exemplo que se dá no verbete “tal” é este: “Tal amor não se encontra facilmente”. Na frase, “tal” corresponde a “semelhante”, “igual”. A lei é de talião justamente porque determina que o criminoso sofra tal qual fez sua vítima sofrer.

A lei de talião lembra “retaliar”, que vem do latim “retaliare” e é da mesma família de “talio”, “talionis”, ou seja, de “talião”. Significa “tratar segundo a lei de talião”, “revidar com dano igual ao dano recebido”, “impor a pena de talião”.

por Pasquale Cipro Neto

terça-feira, 5 de março de 2013

Assim eu vejo a vida



A vida tem duas faces:
Positiva e negativa
O passado foi duro
mas deixou o seu legado
Saber viver é a grande sabedoria
Que eu possa dignificar
Minha condição de mulher,
Aceitar suas limitações
E me fazer pedra de segurança
dos valores que vão desmoronando.
Nasci em tempos rudes
Aceitei contradições
lutas e pedras
como lições de vida
e delas me sirvo
Aprendi a viver.
cora coralina

domingo, 3 de março de 2013

Gostável



"Não é possível que você goste de mim. 
Eu diria até que é duplamente impossível. 

Primeiro bem simples: eu não sou 
uma pessoa gostável, não mesmo. 
E isso já inviabiliza a coisa toda.

Segundo porque, ao contrário do não-gostar, 
o gostar de alguém - por mais gostável 
que esse alguém seja - é improvável 
em tão pouco tempo. 

No máximo podemos simpatizar, 
mas gostar exige dedicada convivência diária. 
Exige penetrar através de camadas 
e camadas de cascas, massas corridas, 
maquilagens e tintas (sem falar saudades, 
tristezas, lembranças, valores 
e principalmente gostos musicais, 
que é no fim das contas o que define uma pessoa. 

Como gostar de alguém que não curte 
Legião Urbana por exemplo !?) 

E esse processo penetrativo demanda 
tempo, empenho e paciência. 

Vez ou outra eu me pergunto 
porque afinal alguém se dedicaria 
a tão insólito projeto !? 

Mas enfim, se você acha mesmo que precisa 
gostar de alguém, ao menos escolha 
alguém mais palatável... 

...mas que curta Legião Urbana, 
por favor."
- marcos daniel -