Gosto das coisas que apenas jazem, sem qualquer pretensão óbvia de serem diferentes do que são.
Joguei um ramo de jasmim dentro de um copo com água. Assim, simplesmente, dentro de um copo americano. E ali ele jaz, abandonado à própria doçura, exalando sem pressa o que ele tem de melhor. Perfume de orvalho e pétala.
O copo, a água cristalina, as folhas extremamente verdes. A pequena coroa branca desprendeu do cálice e navegou até à borda do possível, e agora talvez beije o vidro com seus lábios de cetim.
Há mais neste copo do que nas razões esfiapadas que nos enchem de palavras estéreis. E, no entanto, ele prescinde de qualquer ímpeto. Pode a palavra florir como o jasmim-do-cabo, pode o movimento ofertar um bálsamo tão perfeito? O albor da rosa branca, o rubor da rosa vermelha, o mistério que existe sob o fino verniz das coisas aparentemente inúteis, quem se atreverá a confrontá-los?
Olhar nos olhos da vida, enterrar as mãos na terra pura, colher as flores descabidas que se abrem somente para cada um de nós. Beber o aroma que preenche o dia, eis aí algo a considerar.
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