do O Diário
As 33 escolas estaduais de Maringá têm pelo menos um professor afastado por licença médica ou readaptado - quando um problema de saúde o impede de voltar a lecionar.
A maior parte dos afastamentos e readaptações foi causada por estresse e cansaço decorrentes das salas de aula lotadas, da insegurança, dos baixos salários e da falta de respeito dos alunos à figura do professor.
No Paraná, 70% dos professores do ensino fundamental sofrem de estresse moderado ou elevado. O resultado consta do estudo "O trabalho docente e o Burnout: um estudo em professores paranaenses", assinado pela pesquisadora da UEM Solange Franci Raimundo Yaegashi em conjunto com mais três colegas de outras instituições e publicado em 2008.
Foram ouvidos 318 professores. A conclusão é que 44,3% evidenciaram elevados níveis de exaustão emocional e 30,5% níveis moderados.
Entre as razões para o estresse, segundo a pesquisa, estão salas de aula lotadas, alunos indisciplinados, falta de apoio dos diretores e baixa remuneração.
"A escola não conseguiu acompanhar as mudanças sociais e continuamos com o mesmo modelo de escola do século 18, com carteiras, alunos, giz e professor", comenta o professor aposentado Claudemir Feltrin, presidente do núcleo de Maringá do Sindicato dos Trabalhadores em Educação Pública do Paraná.
Feltrin lecionou por 24 anos e se aposentou há sete e cita que na escola onde trabalhou não havia muros e nem grades. "Dávamos aula com tranquilidade."
Tempo depois, um muro foi erguido, uma cerca elétrica instalada e os corredores ganharam grades de ferro. "Hoje, em uma escola sem muro, cadeado e segurança ninguém trabalha."
Para ele, o medo do professor em enfrentar a sala de aula não se resume só à agressão física. "Ele é agredido só de chegar na sala de aula e não conseguir controlar os estudantes para ensinar o conteúdo."
Feltrin aponta que a criação do Estatuto da Criança e do Adolescente foi um divisor de águas no relacionamento aluno-professor. Os estudantes passaram a usar o ECA como escudo às punições e as escolas ficaram de mãos atadas.
Aliado à isso, são poucos os docentes que denunciam as agressões e levam o caso aos pais, à polícia ou ao Conselho Tutelar, temendo ainda mais represália do grupo e deixando o aluno mais à vontade para perturbar o colégio.
Afastamentos
Os problemas de saúde já afastaram 3,1 mil professores e 1.892 funcionários de apoio no Paraná. Estima-se que o governo do Estado gaste por mês R$ 3,5 milhões para cuidar dos profissionais de licença médica.
O levantamento é do sindicato estadual dos professores, que listou as doenças que mais afastaram esses profissionais dos colégios: são alergias, doenças de pele, distúrbios osteomusculares e estresse.
O presidente do sindicato defende que a redução para 30 do número de alunos por classe, a ampliação da hora atividade (para permitir que o professor tenha tempo para planejar as aulas) e a contratação de docentes substitutos ajudariam a impedir tantos afastamentos do trabalho.
PARA SABER MAIS: Síndrome de Burnout.
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