segunda-feira, 18 de junho de 2012

O AMOR ANTIGO


por Carlos Drummond de Andrade

















O amor antigo vive de si mesmo, 
não de cultivo alheio ou de presença. 
Nada exige nem pede. Nada espera, 
mas do destino vão nega a sentença. 


O amor antigo tem raízes fundas, 
feitas de sofrimento e de beleza. 
Por aquelas mergulha no infinito, 
e por estas suplanta a natureza. 


Se em toda a parte o tempo desmorona 
aquilo que foi grande e deslumbrante, 
o antigo amor, porém, nunca fenece 
e a cada dia surge mais amante. 


Mais ardente, mas pobre de esperança. 
Mais triste? Não. Ele venceu a dor, 
e resplandece no seu canto obscuro, 
tanto mais velho quanto mais amor. 
_______________________________________
Carlos Drummond de Andrade
in "Amar se Aprende Amando"

Nenhum comentário: