terça-feira, 23 de abril de 2013

Mulheres multitarefa


por Juliana Silva,
publicado originalmente
no Painel Brasil TV.

Não é de se espantar o número alto de divórcios. A modernidade veio, os direitos femininos vieram, mas as obrigações? Acumularam-se. Esqueceram de falar que mulher pode trabalhar fora, mas não há problema nos homens também trabalharem em casa. Afinal, a mulher divide com o homem o ofício de prover a casa, nada mais justo do que o homem dividir com a mulher o ofício de cuidar da casa também. Mulheres são fortes, mas não são máquinas.

Segundo a psicóloga Rosalina Moura, “impressiona as milhares de exigências e tarefas a que uma mãe fica sujeita”. Isso porque, por mais que o pai seja presente, é com a mulher que fica a maior responsabilidade. Isso é inconsciente. Acontece. As mulheres enxergam necessidades que os homens não vêem ou acham que não é de sua responsabilidade, segundo a psicóloga.

Ela diz que têm chegado ao seu consultório mulheres e mães que estão cada vez mais insatisfeitas com a participação de seus cônjuges no cenário global da vida doméstica, familiar, conjugal. Mulheres que trabalham de dia, ajudando o marido a prover a casa, trabalham à noite em casa sozinhas, enquanto seus maridos não ajudam no ofício doméstico. Mulheres que vêm na separação uma possibilidade de libertação das expectativas frustradas. Pensam: por que tenho que fazer tudo sozinha? Se eu trabalho fora com ele, por que ele não pode trabalhar em casa, comigo? Se é para fazer tudo sozinha, eu fico sozinha.

Essa multitarefa atrapalha, sim, a vida conjugal. A mulher sente-se cansada, sobrecarregada e, por estar sobrecarregada tendo um parceiro ao seu lado, prefere abandoná-lo para não ter que carregá-lo nas costas. Ou seja, sem o parceiro sua carga diminui, logo, a separação é a melhor saída.

Para resolver o problema, a psicóloga dá a fórmula: É preciso ajudar os homens a aprender a cuidar de suas mulheres e filhos. É preciso ajudar os homens a rever seus paradigmas e a enxergar o que até então lhes era invisível. É preciso ajudar as mulheres a pedir ajuda aos seus homens e a ter paciência no processo de transformação. Não existem cursos para isto, mas é algo que faz parte de um processo que tem que ser construído no cotidiano da relação e na intimidade. Infelizmente, no entanto, por vezes os tempos estão fora de compasso e não se consegue acertar o passo. E muitas mulheres, enlouquecidas com tantas tarefas, choram caladas e cansadas, na esperança de que amanhã tudo seja mais leve... E faz-se a frustração e a separação.

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