Quando cheguei em Maringá vindo de Campo Grande - MS em Junho de 1995, algumas coisas me chamaram a atenção, não necessariamente nessa ordem: as moças bonitas, o frio intenso (e insuportável pra quem vinha do calor do cerrado) e a Rodoviária.
No auge dos meus 25 anos de idade era curioso ver a rodoviária ali, no centro da cidade (Em Campo Grande a rodoviária, de tão horrível, ficava escondida. A nova, apesar de moderna, também ficou na periferia da cidade). Em Maringá quem viesse de fora chegando pela rodoviária caia direto no centro, no coração da cidade.
Nessa época sempre que eu ia ao centro, descia no antigo Terminal Urbano e passava pela Rodoviária. Gostava de sua arquitetura, do seu movimento, de coisa viva. Me lembro que na ala interna tinha um barbeiro, uma banca de revistas , uma loja de artigos religiosos, banheiros e um posto telefonico da antiga Telepar. Tinha também uma agência de passagens do Expresso Maringá. Ali também funcionou por muitos anos, se não me falha a memória, a Junta de Alistamento Militar.
Na ala externa já exisatiam as lojas de produtos "importados", lanchonetes, uma banca de jogo do bicho e uma casa lotérica. Na esquina em frente à rodoviária havia um açougue, que alias não combinava em nada com a região. Sempre me perguntava: Quem compra carne num açougue ao lado da rodoviária ?
Me lembro também de ter pulado um carnaval popular na praça Raposo Tavares com meu tio Roni. Chovia copiosamente e eu perdi meus óculos. Namorei uma menina que trabalhava logo ali, ao lado do Centro Comercial. Fiz minhas primeiras aulas de violão num conservatório no Edifício Atalaia. Foi no Terminal Urbano que, graças a uma artimanha, a Doida me roubou nosso primeiro beijo (me devolveu várias vezes desde então). No domingo, dia seguinte do nosso casamento, fomos ao Cine Maringá assistir Titanic.
Essas são boas lembranças que fazem parte da minha história, e fico realmente triste, não com a maldade dos maus, mas com a absoluta omissão dos justos.
Escrevo essa crônica à luz da notícia veiculada no blog do Rigon de que a justiça determinou a paralização da demolição da Antiga Rodoviária, mas penso que agora seja tarde demais. Ainda que fiquem os dedos, o que jazeu nesse embate do dinheiro versus tudo-aquilo-que-é-correto foi o respeito pela memória da cidade. Sinto que a história de Maringá é considerada menos importante que o legado desse grupo político que aí está, e acredito que os pioneiros viverão bem mais que as suas obras.
Escrevo essa crônica à luz da notícia veiculada no blog do Rigon de que a justiça determinou a paralização da demolição da Antiga Rodoviária, mas penso que agora seja tarde demais. Ainda que fiquem os dedos, o que jazeu nesse embate do dinheiro versus tudo-aquilo-que-é-correto foi o respeito pela memória da cidade. Sinto que a história de Maringá é considerada menos importante que o legado desse grupo político que aí está, e acredito que os pioneiros viverão bem mais que as suas obras.