segunda-feira, 30 de abril de 2012

Grande Mundo Estapafúrdio

Uma das diversas imagens que o google me tacou na cara
quando o provoquei com a palavra "estapafurdia".








"Essas pessoas incríveis 
devidamente munidas 
com suas teorias rasas 
e estapafúrdias 
sobre os mais diversos assuntos 
realmente me causam 
inenarrável assombro."
marcos daniel



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Acho mister acrescentar que #NuncaEscrevi ESTAPAFÚRDIO.

Ele curte, ela comenta.


por Joyce Figueiró



                Com o fim do carnaval, as pessoas ficam mais vulneráveis e dispostas a iniciar um relacionamento. E olha que isso não é uma característica feminina. Os meninos hoje em dia já entraram no páreo de carências afetivas. Preciso confessar que essa não é a minha área de pesquisa, nem passa perto, mas o tanto curiosa que sou, transformou-me em uma observadora perita.

                Recentemente li um artigo que dizia como que a popularização do facebook influenciou na dinâmica de um relacionamento. Lá o autor citava passos de conquista – coisas como mandar recadinhos por terceiros, descobrir o telefone, ligar no dia seguinte ao primeiro encontro e arrumar um lugar romântico para pedir em namoro, foram substituídas por opções de curtir e dar comentários. E, pior, o artigo diz (e eu acredito seriamente que seja algo plausível) que o namoro só começa de verdade, quando o status muda de ‘solteiro(a)’ para ‘relacionamento sério’.

                Acha que isso é bobagem? Se eu te contar tudo que eu tenho observado na minha lista de contato, te deixaria de queixo caído – ou seria algo que, no mínimo, mereceria um curtir e um comentário com risos logo embaixo! 

                O mais curioso é como acaba um relacionamento. Quem já assistiu a aqueles filmes de comédia romântica, sabe que a frase clichê de um fim de namoro é “mas vamos ser amigos!”. Se isso dá ou deu certo na ficção ou em algum lugar, ou em algum tempo da história eu não sei. Mas nessa era do facebook eu garanto que está ultrapassado. É muito raro ver um status de relacionamento voltar para ‘solteiro’ e os dois continuarem amigos. Tornam-se conhecidos. Não se curtem, no máximo, comentam ou compartilham indiretas.

                Pior ainda são aquelas pessoas que cancelam a conta assim que começam um namoro. Duvido que ficam totalmente desconectadas. Devem procurar outra rede social. O twitter seria uma boa alternativa. Imagine só como seria divertido acompanhar uma DR em 140 caracteres!

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Publicado originalmente no Curta Crônicas

Meu caminho para o ateísmo



Todos os dias leio os depoimentos divulgados nas redes sociais pela ATEA. Neles me deparo com alguns questionamentos que já me fiz. E outros já me fizeram.

Sou professor. E como tal, nunca escondi minha concepção de mundo. E volta e meia sou abordado por alunos para perguntarem do tema ou tirarem dúvidas. Já tive relato de alunos que foram perseguidos e assediados no trabalho por começarem a questionar a religião. Pequenas inquisições na nossa época. E esse depoimento é em parte para esses que entre as dúvidas e as perseguições seguem se questionando.


Sou ateu instintivo desde de uns 6 ou 7 anos. Isso, em parte era influência da série “Cosmos” do Carl Sagan. A Rede Globo passava a série na TV lá pelos idos de 1985 nas madrugadas, algo como 6h00, antes do antigo telecurso segundo grau. Eu vibrava com as imagens e as palavras daquele astrônomo da Nasa. Me sentia leve imaginando um universo com bilhões de anos de idade e com uma infinidade de anos-luz de dimensão. Sentia arrepios ao ver como funcionava a evolução e como aquilo se encaixava. E como nosso cérebro funcionava. O ponto de interrogação como ponto de partida para entender o mundo. Era o pensar acima do crer.

Mas meu ateísmo era, por assim dizer, instintivo. E nos anos seguintes, sempre havia dúvidas. Ainda mais com colegas indo para a igreja aos domingos ou amigos fazendo catecismo.

Mesmo assim, por alguma razão, pensava eu, não fazia sentido acreditar em um ser superior que ficasse observando meus atos e esse ser não tomasse providências frente as injustiças do mundo.

Mas com todo instinto, havia uma dose de incerteza.

Talvez a razão primordial seja o fato que em minha casa sempre houve diferentes caminhos religiosos. Meu avô era budista. Meu pai é da umbanda. Minha mãe católica, na juventude foi da cruzada e quando trabalhou nas fábricas, mais próxima das CEBs/Pastorais, mas distante. Meus pais se casaram na igreja de São José, a igreja dos lituanos da Vila Zelina, homenageando José, operário. E me batizaram na Igreja de Nossa Senhora da Aparecida. Havia um tio que me presenteou uma coleção completa dos quadrinhos da DC Comics e da Marvel de 1979 até 1993 era mórmon. E eu tinha um tio caminhoneiro que acreditava nas estrelas, que olha para o céu e me falava de como era a visão das estrelas que ele via no interior do Brasil e que se ele pudesse, gostaria de ir para o cosmo. Na família havia ainda parentes distantes que estudavam parapsicologia e outros que haviam se tornado evangélicos e se afastado de todos.

Eu observava isso e me questionava se isso fazia sentido. Qual a razão de tantas diferenças?

Olhava a moral religiosa e via que não fazia sentido um deus que ficasse vigiando a masturbação alheia ou o sexo antes do casamento e não cuidasse dos bebês com fome, com frio, doentes. Não ajudasse.

Aos 14 ou 15 anos, descobri a concepção materialista da história e a teoria da evolução diretamente. Na época eu andava de skate e tinha o cabelo verde. Mas eu já tinha uma noção clara de que eramos produtos da história, seja natural, através da evolução, seja social, através da nossa ação consciente no mundo, através do trabalho de dominação da natureza.

Quando li pela primeira vez a frase de Marx de que “o homem faz a religião, a religião não faz o homem.”, ela me fez um profundo sentido. É o que eu podia ver em toda mitologia, em todas as concepções animistas de mundo e particularmente na tradição religiosa judaíco-crista-islâmica. Em geral cita-se apenas a passagem “A religião opio do povo”. Mas a frase é muito maior do que essa citação: 

“A miséria religiosa constitui ao mesmo tempo a expressão da miséria real e o protesto contra a miséria real. A religião é o suspiro da criatura oprimida, o ânimo de um mundo sem coração e a alma de situações sem alma. A religião é o ópio do povo. A abolição da religião enquanto felicidade ilusória dos homens é a exigência da sua felicidade real. O apelo para que abandonem as ilusões a respeito da sua condição é o apelo para abandonarem uma condição que precisa de ilusões. A crítica da religião é, pois, o germe da crítica do vale de lágrimas, do qual a religião é a auréola. A crítica arrancou as flores imaginárias dos grilhões, não para que o homem os suporte sem fantasias ou consolo, mas para que lance fora os grilhões e a flor viva brote. A crítica da religião liberta o homem da ilusão, de modo que pense, atue e configure a sua realidade como homem que perdeu as ilusões e reconquistou a razão, a fim de que ele gire em torno de si mesmo e, assim, em volta do seu verdadeiro sol. A religião é apenas o sol ilusório que gira em volta do homem enquanto ele não circula em tomo de si mesmo.”
 (Introdução a Crítica da Filosofia do Direito de Hegel).

Isso me marcou profundamente. Principalmente pois reconhecia que a religião na história teve um papel social. O de dar conforto num mundo sem conforto.

A ideia de outras vidas, de outros mundos, de outras oportunidades em épocas passadas, em parte, era uma vingança aos senhores da vida material. Era uma maldição a aqueles que mandavam na vida e na morte, imaginar que aqueles que eram sacrificados e martirizados acreditavam numa outra vida, ou num céu muito melhor que a vida na terra.

Mesmo na forma mais elementar, me parece, que fazia sentido as tribos semitas que vagavam pela Mesopotâmia criarem uma cosmogênese como a explicada no relato do “Gênesis”. Imagine a 2500 anos antes de nossa era, uma criança perguntando ao seu pai: “de onde viemos?”, “como surge o dia e a noite?”… A mitologia judaica era uma evolução significativa frente as outras religiões babilônicas, egípcias e mesmo persa. Ainda que sejamos obrigados a lembrar que foram os masdeístas (zoroastrismo) persas, que libertaram os judeus do cativeiro babilônico e permitiram a liberdade religiosa no Império Persa. A concepção judaico-cristão-islâmica de deus criador é evidentemente uma criação conceitual significativa: um deus acima de todos os demais e com superpoderes inquestionavelmente superiores a todos os demais deuses: onipresença, onisciência, onipotência e onibenevolência. Poder estar em todos os lugares, poder saber tudo o que se passa, poder fazer o que quiser e ainda ter a capacidade, se quiser, de ser bom de modo ilimitado… São atributos de grandes proporções e botam medo em todos os praticantes dos onanismo.

Revendo Carl Sagan, já mais velho, percebi que o universo sendo fruto do caos da matéria em eterno movimento, me parecia muito mais belo que qualquer deus a minha imagem e semelhança. O universo não foi feito para nós e nós somos resultado de um mero acaso. E temos de viver com isso, aproveitar esse acidente que foi o desenvolvimento da humanidade e da consciência na humanidade para superar todas as divisões que possam existir entre nós, sejam elas religiosas, sejam elas sociais.

Isso não significa que eu seja contra a religião. A fé de cada um pertence ao coração de cada indivíduo. (...) Você tem direito a ter sua fé. E ela é de caráter privado.  

Isso não significa que eu seja contra a religião. A fé de cada um pertence ao coração de cada indivíduo. Por isso, na sala de aula sempre digo: você tem direito a ter sua fé. E ela é de caráter privado. E é um direito de cada um tê-la, conquista que no Brasil, é preciso reconhecer, foi obra da atividade do Jorge Amado, quando foi deputado pelo Partido Comunista do Brasil (PCB) na década de 1940, um mérito que junto com a obra Capitães de Areia não pode ser esquecido, apesar de tanta sujeira e crimes desse senhor, feitos à serviço do stalinismo. Mas suas relações com os terreiros baianos, sem dúvida obrigaram ele a inscrever pela primeira vez na lei brasileira o direito democrático de liberdade religiosa.

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Não que eu concorde, mas achei o texto bem interessante.

Meu país


Marcos, brasileiro que há muito tempo deixou o país para viver na Itália, é um empresário bem-sucedido e casado com Giulia. Ao receber um telefonema de seu irmão Tiago, dizendo que o seu pai havia falecido, Marcos se vê obrigado a voltar para o Brasil e encarar a vida que deixou para trás quando
se mudou para Roma.

O que parecia ser uma viagem curta, acaba se prolongando ao descobrir a existência de Manuela, uma meia-irmã que vive numa clínica psiquiátrica, portadora de uma deficiência intelectual. Apesar disto, a condição de Manuela não requer cuidados de médicos e especialistas, e sim de afeto e estrutura familiar, que só poderão ser construídos através da relação com Marcos e Tiago.

Tiago, diante de problemas com a administração da empresa e dívidas decorrentes de seu vício em jogo, não aceita a chegada de Manuela, e Marcos diante de tal impasse vai ter de tomar uma difícil, porém inevitável decisão.



DOWNLOAD COMPLETO AQUI

domingo, 29 de abril de 2012

sábado, 28 de abril de 2012

Chove



“E eu nem sabia 
como era feliz de ter você.”
[Marina Lima in Acontecimentos]


Mais uma noite de chuva e eu aqui folheando meu catalogo de erros.

O amor é isso aí, essa doença de contagio fácil que me define e me definha, ditando e determinando quem sou enquanto vai me esfarelando lentamente corpo e alma e mente, num processo que acontece aqui e agora, nesse exato momento. 

(...)O chover lá fora é apenas um agravante, como um antídoto para os remédios experimentais que, ora funcionam, ora placebam, trazendo à luz todas as feridas ocultas, talvez para me fazer lembrar que elas estão lá, e não importa o que eu faça, cada caminhada solitária pela Maringá noturna e úmida sempiternamente me trará à mente as coisas vividas, claras como o sol em céu de brigadeiro.

Estou quase no ponto...


Esse sou eu...

#BomDia


"O choro pode durar uma noite, 
mas a alegria vem pela manhã." 
[Salmos 30:5b]

Sonhos que aprisionam


por Ivan Martins

Havia na minha casa, até uns dias atrás, uma travessa cheia de pedras. Elas eram de cores, tamanhos e formatos diferentes. Tinham em comum o fato de haverem sido coletadas em viagens. Se eu estivesse num lugar especial, procurava uma pedra bonita e a metia no bolso. Mais tarde, de volta em casa, juntava o item novo à coleção. Haveria, talvez, umas 30 pedras na travessa.

Na semana passada, preparando a casa para uma reforma, disposto a recomeçar a vida, decidi que era hora de me livrar de coisas que eu vinha acumulando desnecessariamente há pelo menos 10 anos. Rodaram roupas, objetos, revistas, livros e, claro, as pedras. Mas não foi fácil.

Cada vez que eu punha uma coisa de lado, com a disposição de me livrar dela, algo me incomodava profundamente. Havia uma dor ali, ou várias dores diferentes.

As pedras eram parte do passado que, de alguma forma, eu tentava agarrar e materializar. Os livros, vários que eu nunca tinha lido, representavam uma inquietação pelo futuro: agora eu nunca saberia o que há dentro deles. As roupas, muitas delas sem usar há anos, ficavam me acenando do chão, empilhadas, com as situações que haveriam de vir e nas quais eu sentiria falta delas.

"Cada vez que eu punha uma coisa de lado, 
com a disposição de me livrar dela, 
algo me incomodava profundamente. 
Havia uma dor ali, 
ou várias dores diferentes."


O nome desse sentimento inquietante é apego.

A gente se agarra às coisas, como se agarra às pessoas e às ideias. Na verdade está tudo entrelaçado. As coisas representam pessoas, que nos remetem a sentimentos e ideias. Ou representam sentimentos e ideias, que nos lembram de pessoas. Qualquer que seja a ordem, esse sentimento é um fardo. Tentando reformar e recomeçar, tentando reiniciar a vida, a gente percebe como é difícil deixar as coisas para trás. Inclusive os sonhos e os planos, por mais banais e genéricos que sejam.

Assim como nos apegamos a livros que nunca lemos, ou CDs que nunca ouvimos, também nos apaixonamos por coisas que nunca vivemos e gostaríamos de viver, embora não sejamos capazes de explicá-las ou defini-las. Essa forma de apego é vaga, mas tem uma força brutal sobre as nossas ações.

A esperança de viver coisas espetaculares (mas indefinidas) no futuro impede que a gente se mova no presente. Ela leva, por exemplo, algumas pessoas a protelar indefinidamente relações afetivas duradouras. Elas não conseguem renunciar ao sonho de perfeição do conto de fadas ou abrir mão das possibilidades eróticas oferecidas por um planeta com seis bilhões de pessoas. Isso equivale à dificuldade de jogar fora um DVD que nunca foi visto. É apego pelo desconhecido.


"A esperança de viver coisas espetaculares no futuro 

impede que a gente se mova no presente. "

Tenho a impressão de que esse sentimento pelo futuro é o maior obstáculo à mudança na nossa vida.
O passado é uma entidade com peso e qualidade definidos. Lidamos com ele todos os dias. Desapegar não é simples, como mostra a minha coleção de pedras, mas pode ser negociado, como sabem os analistas. Memórias podem ser reavaliadas, experiências podem ser diluídas no tempo. Podemos chegar à conclusão que sobreviveremos ao grande amor e ao grande trauma – e com alguma pesar, por um e por outro, somos capazes de enterrá-los em alguma medida.

O futuro é outra história. Nele residem todas as nossas expectativas. Depositamos neles nossas aspirações práticas e subjetivas. Em direção a ele arremessamos os nossos desejos não realizados, a redenção das nossas frustrações. No futuro encontra-se a pessoa que desejamos ser. A felicidade mora lá e nos assombra como um fantasma a cada minuto da nossa vida. Não saberíamos viver sem ela. Seria desumano.
É contra essa esperança enorme, avassaladora e perniciosa que temos de lutar todos os dias para tomar conta da nossa vida. Não basta olhar para trás e se livrar das coleções de pedras. Ou das roupas velhas. Para começar de novo, em qualquer idade, temos de jogar fora os sonhos embolorados e as ilusões. Precisamos nos livrar do futuro sem rosto que nos assombra.

É provável que a felicidade, como coisa duradoura, não exista. Mas, se ela pode ser encontrada em algum lugar, ainda que de forma fugidia, é no presente. Para enxergá-la, precisamos estar de olhos bem abertos, livres das sombras do passado e das luzes que cegam no futuro. Não é fácil, mas quem disse que a vida é simples?
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Ivan Martins escreve às quartas-feiras na Revista Época)

sexta-feira, 27 de abril de 2012

Chega dói


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É tanta saudade 
que nem sei...

Xingú


Acabei de assistir Xingú. Confesso que esperava que fosse bem melhor, mas temia que fosse bem pior, então não posso reclamar. As interpretações estão excepcionais, as locações são fantásticas. Talvez o viés escolhido pelo diretor não tenha sido muito feliz. 

De qualquer maneira, acho importante que a história do Brasil comece a ser contada no cinema, com qualidade técnica e cênica. 

No início do século 20, uma vasta área do Brasil era completamente desconhecida do governo. Nesse contexto, o governo criou a chamada Marcha Para o Oeste, incentivando brasileiros a desbravar o interior do País. No grupo, estavam os três irmãos Orlando (1914-2002), Cláudio (1916-1998) e Leonardo Villas-Bôas (1918-1961), que não só ajudaram nesse desbravamento, como também descobriram tribos indígenas que nunca haviam tido contato com os homens brancos. Assim, entre os feitos dos irmãos, está a criação do Parque Indígena do Xingu (do tamanho da Bélgica), que completou 50 anos no ano passado.

A saga desses irmãos é contada no filme "Xingu", baseado no livro Marcha Para o Oeste (1994), de Cláudio e Orlando Villas-Bôas e tem no elenco Felipe Camargo (Orlando), João Miguel (Cláudio) e Caio Blat (Leonardo). 

O longa teve um orçamento de R$ 14 milhões e será distribuído em 250 salas. Esse investimento é justificado pelas belíssimas locações feitas no Tocantins, Pará e Mato Grosso - Estado este onde está o Parque do Xingu, na porção sul da Amazônia brasileira. "Graças à preservação do parque, aquela região ainda mantém mata nativa", diz Caio Blat.

Por causa do trabalho de proteção dos índios, os Villas-Bôas, representados por Orlando e Cláudio (Leonardo já havia morrido), chegaram a ser indicados ao Prêmio Nobel da Paz em 1971. O roteiro aborda os 40 anos de atuação dos irmãos no Xingu, resumidos em 104 minutos de projeção, desde o engajamento deles na Marcha até se tornarem líderes das expedições e encarregados pelo exército no contato com os índios.

Toda essa aventura é mostrada com suas contradições e acertos. Por exemplo, quando os irmãos levaram a gripe para uma tribo, dizimando metade da população local. Daí, eles passaram a ter acompanhamento de médicos que vacinavam os índios. Ou quando Leonardo engravidou uma índia, e foi repreendido pelos irmãos e forçado a abandonar a expedição. O longa mostra ainda a antagônica relação deles com os governos civil e, depois, militar. Em comum, entre os dois governos, apenas a sede expansionista. Por ali, os únicos preocupados com a preservação parecia ser os irmãos, enquanto o governo queria devastar a floresta para criar gado e lavouras.

Ao todo, os Villas-Bôas abriram 1,5 mil quilômetros de picadas, percorreram mil quilômetros de rios, construíram 19 campos de pousos, ajudaram a fundar 43 vilas e contactaram 14 tribos.


Perfeição



*****
"Quando a esperança está dispersa 
só a Verdade me liberta.

Chega de maldade e ilusão


Venha!

O amor tem sempre a porta aberta
 e vem chegando a primavera.

Nosso futuro recomeça.

Venha que o que vem é Perfeição!"

*****
[R. Russo in Perfeição]

quinta-feira, 26 de abril de 2012

O mais escandaloso ato

via Ed Rene Kivitz

O cristianismo, vede bem, 
não é uma simples escola de saber,
da purificação e justiça, 
ou uma explicação nobre e racional da vida;
ou um código nobre de comportamento; 
ou uma terapêutica evasionista;
ou um conjunto de perguntas; 
ou um ato de submissão diante do Único.

É muito mais e mais distinto: 
é o ensinamento de Cristo,
ou seja, do amor e do poder salvador de perdoar.




Nenhuma religião concebe 
o corrigir dos pecados
por outro modo senão 
pelo caminho da lógica da compensação;
apenas na religião em que Deus 
não recebe sacrifícios,
mas se sacrifica Ele mesmo, 
pôde aparecer a esperança 
da limpeza total e instantânea dos pecados, 
pelo mais atemorizador e anticontabilista
 – portanto o mais escandaloso – 
ato.

***** 

[Nicolae Steinhardt, monge ortodoxo romeno, 1912 – 1989]

Perspectiva


Um sonho

Essa noite sonhei com você.
Um sonho daqueles que você
acorda e fica enrolando na cama
tentando lembrar de cada detalhe,
de cada toque, de cada segundo,
de cada sabor, de cada sorriso.

Foi muito bom. Foi mágico.
Mas logo depois começou a chover
e a água levou tudo embora.

#FoiIsso

Sobre o amor




(...)É que hoje me pediram que explicasse o que sinto, 
e eu não quis me valer de opiniões de outros autores, 
por mais privilegiadas e magníficas que fossem.
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O amor é, com certeza, um dom natural, muitas vezes latente, que nos estimula a sermos melhores, a querer algo mais da vida.

Um dom de Deus que nos motiva a agir de forma criativa e esmerada para alegrar a existência daquele outro que, com sorte, irá testemunhar de perto toda a nossa existência terrena, dividindo conosco alumbramentos e vicissitudes. 

Um sentimento incontível que, se por um lado nos rouba o sossego e nos enche de um angustiante sentido de urgência, nos alertando para o caráter passageiro da vida, por outro lado também produz em nós uma calma quase sobrenatural quando na presença da pessoa amada. 

Uma vontade de estar/ficar pra sempre na mesma atmosfera do outro, orbitando e compartilhando o mesmo respirar.

Um desejo de se doar mais, se entregar mais, satisfazer mais, zelar mais, morder mais, abraçar mais, paraquedear mais, cutucar mais, amar sempre mais.

Um estado de espirito que nos induz à paz com qualquer pessoa gente humana à nossa volta, um bem querer que nos preenche e nos transborda a mente e o corpo, a alma e a existência, que sai pela casa e cidade e chega aos limites do mundo e que nos faz reparar a beleza de toda a criação.

É isso o que sinto.


Motociclista é multado por levar mulher sem capacete na garupa, a nudez dela era mero detalhe



do G1


Cena curiosa ocorreu na cidade
de Constanta, na Romênia.
 

Um motociclista que levava uma mulher nua na garupa de sua moto foi multado pela polícia em Constanta, na Romênia, porque a jovem estava sem capacete, item de segurança obrigatório no país. 

Após a infração, a mulher colocou o capacete e o casal foi liberado pelo agente. 

A cena foi flagrada por motoristas que passavam pelo local, segundo a imprensa local.

Fico imaginando a passividade do "agente" diante de cena tão inusitada. 

Curioso também o fato de que, país modernoso que é, o legislador romeno não esteja muito preocupado em elaborar leis protetoras da moral e dos bons costumes, mas sim protetoras da vida, muito embora andar nu em uma moto aumente significativamente a gravidade dos riscos de ferimentos em caso de um eventual acidente.

E a moça é bem bonita até, tanto na ida quanto na volta.

Tentei imaginar até um diálogo entre o agente, o piloto e a moça, mas deixo isso pra Nana Damasceno que é mais criativa nessa ceara.

Após a infração, mulher colocou
o capacete e casal foi liberado.
 

quarta-feira, 25 de abril de 2012

Algo triste



"Quem me dera pudesse compreender 
os segredos e mistérios dessa vida, 
esse arranjo de chegadas e partidas; 
essa trama de pessoas que se encontram, 
eventualmente se entrelaçam 
e geralmente ganham outra direção."

A espetacularização da babaquice.


Desde sempre, quem me conhece é testemunha, sempre achei esse programa Pânico uma babaquice sem tamanho. Para corroborar minha modesta opinião sobre o tema seguem as palavras do ator Wagner Moura sobre o referido programa.
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“Quando estava saindo da cerimônia de entrega do prêmio APCA, há duas semanas em São Paulo, fui abordado por um rapaz meio abobalhado. Ele disse que me amava, chegou a me dar um beijo no rosto e pediu uma entrevista para seu programa de TV no interior. Mesmo estando com o táxi de porta aberta me esperando, achei que seria rude sair andando e negar a entrevista, que de alguma forma poderia ajudar o cara, sei lá, eu sou da época da gentileza, do muito obrigado e do por favor, acredito no ser humano e ainda sou canceriano e baiano, ou seja, um babaca total. Ele me perguntou uma ou duas bobagens, e eu respondi, quando, de repente, apareceu outro apresentador do programa com a mão melecada de gel, passou na minha cabeça e ficou olhando para a câmera rindo. Foi tão surreal que no começo eu não acreditei, depois fui percebendo que estava fazendo parte de um programa de TV, desses que sacaneiam as pessoas. Na hora eu pensei, como qualquer homem que sofre uma agressão, em enfiar a porrada no garoto, mas imediatamente entendi que era isso mesmo que ele queria, e aí bateu uma profunda tristeza com a condição humana, e tudo que consegui foi suspirar algo tipo “que coisa horrível” (o horror, o horror), virar as costas e entrar no carro. Mesmo assim fui perseguido por eles. Não satisfeito, o rapaz abriu a porta do táxi depois que eu entrei, eu tentei fechar de novo, e ele colocou a perna, uma coisa horrorosa, violenta mesmo. Tive vontade de dizer: cara, cê tá louco, me respeita, eu sou um pai de família! Mas fiquei quieto, tipo assalto, em que reagir é pior.

O táxi foi embora. No caminho, eu pensava no fundo do poço em que chegamos. Meu Deus, será que alguém realmente acha que jogar meleca nos outros é engraçado? Qual será o próximo passo? Tacar cocô nas pessoas? Atingir os incautos com pedaços de pau para o deleite sorridente do telespectador? Compartilho minha indignação porque sei que ela diz respeito a muitos; pessoas públicas ou anônimas, que não compactuam com esse circo de horrores que faz, por exemplo, com que uma emissora de TV passe o dia INTEIRO mostrando imagens da menina Isabella. Estamos nos bestializando, nos idiotizando. 

"O que vai na cabeça de um sujeito 
que tem como profissão 
jogar meleca nos outros? 
É a espetacularização da babaquice.

Digo isso com a consciência de quem nunca jogou o jogo bobo da celebridade. Não sou celebridade de nada, sou ator. Entendo que apareço na TV das pessoas e gosto quando alguém vem dizer que curte meu trabalho, assim como deve gostar o jornalista, o médico ou o carpinteiro que ouve um elogio. Gosto de ser conhecido pelo que faço, mas não suporto falta de educação. O preço da fama? Não engulo essa. Tive pai e mãe. Tinham pais esses paparazzi que mataram a princesa Diana? É jornalismo isso? Aliás, dá para ter respeito por um sujeito que fica escondido atrás de uma árvore para fotografar uma criança no parquinho? Dois deles perseguiram uma amiga atriz, grávida de oito meses, por dois quarteirões. Ela passou mal, e os caras continuaram fotografando. Perseguir uma grávida? Ah, mas tá reclamando de quê? Não é famoso? Então agüenta! O que que é isso, gente? Du Moscovis e Lázaro (Ramos) também já escreveram sobre o assunto, e eu acho que tem, sim, que haver alguma reação por parte dos que não estão a fim de alimentar essa palhaçada. Existe, sim, gente inteligente que não dá a mínima para as fofocas das revistas e as baixarias dos programas de TV. Existe, sim, gente que tem outros valores, como meus amigos do MHuD (Movimento Humanos Direitos), que estão preocupados é em combater o trabalho escravo, a prostituição infantil, a violência agrária, os grandes latifúndios, o aquecimento global e a corrupção. Fazer algo de útil com essa vida efêmera, sem nunca abrir mão do bom humor. Há, sim, gente que pensa diferente. E exigimos, no mínimo, não sermos melecados.

No dia seguinte, o rapaz do programa mandou um e-mail para o escritório que me agencia se desculpando por, segundo suas palavras, a “cagada” que havia feito. Isso naturalmente não o impediu de colocar a cagada no ar. Afinal de contas, vai dar mais audiência. E contra a audiência não há argumentos. Será?”

2.467


por Marcos Daniel Insaurralde

O menino chega em frente às ruínas da casa. Na rua deserta nada esta como antes e tudo é ruína. Chega até o portão-ruína e lança um olhar para dentro do terreno-ruína. Tenta lembrar, tenta entender, tenta esquecer. Ruína.

Olha para a rua-ruína, o canteiro-ruína, o ponto de táxi, ruína. Caminha até o orelhão-ruína. Detém-se a pensar nas conversas que teve ali, num tempo de alegria simples e promessas fáceis. Lembra-se de uma conversa específica e sente os olhos marejarem. Olha para o céu e encara a noite do Alvorada de novo, uma noite que lembra muito as tantas outras passadas, mas esta diferente, será que a noite envelheceu ? 

O menino-ruína segue solitário pelo caminho em ruínas, pé ante pé, palmilhando tão conhecido caminho. A noite vai com ele, relembrando com o menino aquele caminhar testemunhado por ela tantas vezes num tempo distante. Porque o menino vai sozinho agora? Vai para onde o menino sozinho? 

O menino-ruína segue pela rua dos fundos dos bombeiros, primeira e esquerda. Atravessa a avenida e quase pode ouvir a agitação do passado, carros e motos e coragem e esperança, mas tudo o que há agora é o silêncio-ruína e a noite a segui-lo. 

(...) Cada passo uma saudade. Chega enfim à rua de trás, igualmente deserta àquela hora. Será que ali também tudo é ruína? E se acaso houver sobrado algo, estaria ele, menino-ruína, levando a própria ruína também para a rua de trás?

Se sente mais só. Uma solidão pesada e palpável à ponto de o menino-ruína se perguntar se realmente deveria seguir por aquela via. Parece que todos sabiam que ele vinha e se esconderam. Medo da ruína talvez? Afunda o olhar na escuridão como que a medir o tamanho da própria solidão: é grande. Está mas só do que era mesmo antes de conhecer a rua de trás, só como nunca se sentirá nem antes de ser junto. A solidão de deixar de ser junto é com certeza infinitamente maior que a solidão de nunca ter sido junto. (...) Mas de súbito se lembra de que a noite, velha conhecida, esta lá, como a velar pelo menino-ruína que ela conhece desde as primeiras infâncias. 

(...) ele caminha até chegar em frente à casa de madeira. O mesmo muro caiado, baixo, fino e vazado, desses pré-fabricados que havia antigamente. O mesmo portão, baixo e frágil, apenas encostado, e um bico de luz que ilumina toda a varanda. De súbito o menino pensa ter visto a menina descalça, com seu short cor de laranja e camiseta listrada em branco e vermelho, a dançar na varanda com o irmão mais novo. A mãe, sopa no fogo e cigarro na boca, passa roupa sobre a mesa de madeira perto do tanque. O barulho do irmão cantando qualquer coisa em um espanhol sofrível debaixo do chuveiro rivaliza com o som que sai do rádio que toca um hit qualquer daqueles fim dos anos 90. A menina dança, um cão late e o menino-ruína pisca. Num piscar de olhos tudo se vai. Num piscar de olhos tudo se foi. Ruínas.

Confiança


Dicas de PT-Br

O ou AO?
 
Qual é a forma correta?
1ª) Ver O jogo ou AO jogo?
2ª) Assistir O jogo ou AO jogo?
 
Segunda a regência clássica, exigida em nossos concursos,
as respostas corretas são:
1ª) Ver O jogo (VER é verbo transitivo direto);
2ª) Assistir AO jogo (ASSISTIR, no sentido de "ver", é transitivo indireto)
_____________________________________________
 
VIR ou VIER?

1)    VIR pode ser:
a)    INFINITIVO:
"Eles precisam VIR ao nosso escritório para assinar o contrato."
Cuidado: "Ele vai vim" está totalmente errado. O certo é "ele vai VIR".
Melhor ainda: "ele VIRÁ".
 
b)    FUTURO DO SUBJUNTIVO do verbo VER:
"Quando eu VIR o filme, poderei opinar."
"Se você VIR o projeto, vai adorar."
Cuidado: O uso do verbo nas frases "Quando eu ver o filme…"
e "Se você ver o projeto…" está errado.
 
2) VIER é FUTURO DO SUBJUNTIVO do verbo VIR:
"Quando eu VIER novamente, assinaremos o contrato."
"Se você VIER ao Rio de Janeiro, vai adorar."
Cuidado: O uso do verbo nas frases "Quando eu vir aqui novamente"
e "Se você vir ao Rio de Janeiro" está errado.
 
fonte: http://g1.globo.com/platb/portugues/

terça-feira, 24 de abril de 2012

Novas faces do Cristianismo

Palestra do Pr. Ed René Kivitz onde ele explica 
de maneira bem didática 
e com a perspicácia que lhe é peculiar,
conceitos como modernidade 
e pós-modernidade sob a ótica do cristianismo. 
Recomendo muitamente.


 

Sentindo


Saudade
gritante
do
seu
Upa.

#SóIsso

Pedras & Caminhos

A Pessoa Certa


_______________________________________________________
A pessoa certa atravessa a rua 
com seu terno branco,
gravata de seda italiana.

A pessoa certa,
executiva de si mesma,
atravessa a praça
com sapatos pretos,
meias de náilon norte-americanas.

A pessoa certa entra no prédio,
recolhe dinheiro,
cola na pasta,
pega o elevador.

A pessoa certa
atravessa o hall,
chega à porta giratória.

A pessoa certa
põe o pé na calçada
e cai fulminada,
sem saber por quê.
_______________________________________________________

Álvaro Alves de Faria
Poeta e jornalista paulistano, nascido em 1942, 
Publicou seu primeiro livro, Noturno Maior, em 1963.

It's A Hard Life



[Queen in "It's A Hard Life"]

I don't want my freedom
There's no reason for living with a broken heart

This is a tricky situation
I've only got myself to blame
It's just a simple fact of life
It can happen to any one

You win, you lose
It's a chance you have to take with love
Oh yeah I fell in love
But now you say it's over and I'm falling apart

Yeah yeah, it's a hard life
To be true lovers together
To love and live forever in each others hearts
It's a long hard fight
To learn to care for each other
To trust in one another right from the start
When you're in love

I try and mend the broken pieces
Ooh I try to fight back the tears
Ooh they say it's just a state of mind
But it happens to everyone

How it hurts (yeah) deep inside (oh yeah)
When your love has cut you down to size
Life is tough on your own
Now I'm waiting for something to fall from the skies
I'm waiting for love

Yes it's a hard life
Two lovers together
To love and live forever in each others hearts
It's a long hard fight
To learn to care for each other
To trust in one another right from the start
When you're in love

Yes it's a hard life
In a world that's filled with sorrow
There are people searching for love in every way
It's a long hard fight
But I'll always live for tomorrow
I'll look back at myself and say I did it for love (ooh)
Yes I did it for love - for love - oh I did it for love

segunda-feira, 23 de abril de 2012

Os bons morrem jovens

Saiu tudo errado...

Um amigo me falou
Que a poeira vai baixar
Que qualquer carinho novo
Põe as coisas no lugar
Que essa falta de você
Tende a desaparecer
E a distância
Faz a gente esquecer...
 
Que o amargo e a solidão
Que me corta o coração
De repente vão embora
E é chuva de verão
Que esse pranto vai secar
E eu vou me acostumar
Que a tempestade logo
Vai passar...
 
Prá falar a verdade
Na realidade
É que prá você
O nosso amor desencantou
Só que no meu caso
Saiu tudo errado
Se o tempo apaga
Dessa vez não apagou...
 
[Daniel in Pra Falar a Verdade]

Ser cristão não me dá o direito de desrespeitar os ateus


por Ronaldo Nezo
ronaldonezo.com


Eu quero ser respeitado. Todos nós queremos. E na nossa individualidade. Por mais que haja um pensamento ou um comportamento dominante, meu jeito tem que respeitado.

Todas as vezes que meu jeito não afeta a coletividade, ou seja, não agride o outro, a sociedade não tem o direito de constranger-me a agir como a maioria deseja ou quer.

Digo isto depois de ler a matéria sobre um adolescente de Roncador que foi tirado de sala de aula por não ter se levantado para rezar o Pai Nosso.

Sou cristão, adventista. Quero que as pessoas respeitem minha fé, meus valores. Porém, se peço isso, também tenho que devolver tal comportamento ao universo que me cerca.

Posso discordar dos princípios católicos, posso discordar dos princípios espíritas, posso discordar dos princípios budistas, mulçumanos… Posso não concordar com as teses evolucionistas… Entendo que posso debater e até tentar convencer as pessoas, tentá-las levar a concordarem comigo, mas não tenho o direito de discriminar, excluir, desrespeitar a fé alheia.

É nisso que consiste a verdadeira liberdade. A minha liberdade de escolher e meu dever de respeitar o pensamento do outro. Se faço o contrário, atropelo a liberdade do meu próximo. Isso não é democrático, não é cidadão.

Posições, opiniões se debatem; nossas verdades se discutem e até se questionam. Mas não podem ser impostas.

É hora de mudar essa mentalidade.

O INFORMANTE por Gabito Nunes

- Cara, vi ela esses dias.
- Ela quem?
- Tua ex. Jantamos juntos eu e minha namorada, ela e o namorado dela. Aconteceria em questão de tempo, sabe como é.
- Sim, não tem grilo. Mas, me diz. Como ela tá?
- Tá bem, cara.
- Perguntou por mim? Que pergunta, óbvio que não. Mas me conta desse namorado dela. Como ele é?
- Ah, sei lá. Bacana.
- Bacana? Bacana tipo malandro ou bacana tipo engomadinho. Pô, começou o assunto agora termina! “Bacana” como, caralho?
- Ah, cara, não sei. Tipo legalzinho, meio coxinha. Sabe, de camisa pólo bonitinha, simpático, lustrado, inteligente. É analista de sistemas, tá encaminhado na vida, ganha bem, queria o quê?
- É engraçado? Faz umas piadas bem sacadas quando a mesa fica em silêncio? Ou sai com um papo interessante?
- Não. Só fala em algoritmos, sistemas híbridos, testabilidade, métodos ágeis, essas coisas. Foi tudo que entendi.
- E como são os dois juntos? Ela fica pendurada no pescoço dele, dando beijo toda hora e tentando espremer os cravos do nariz dele?
- Ele não tem cravos no nariz.
- E eles ficam implicando um com o outro toda hora, assim criando intriguinhas, ciuminhos e briguinhas só pra dar mais beijo?
- Não.
- Quando se olhavam. Parecia que um era a sobremesa do outro?
- Sei lá, meu. Nem se olhavam muito.
- E ele fica mimando o pezinho dela?
- Estávamos no meio do restaurante!
- Eu mimava o pezinho dela no meio do restaurante, embaixo da toalha. Lembra?
- É verdade. Aliás, nojento aquilo. Vocês pareciam dois animais no cio, sempre se arretando. Por que foi me lembrar?
- Ele fica insistindo pra ela comer as cenouras que ela separa no prato, dizendo que faz bem aos olhos?
- Não comemos cenoura. Mas ela separou tomate seco e ele não disse nada.
- Ela chama ele como?
- De “amor”.
- Tá, mas tipo “ô môôôôôrrr?” ou só “amor!”.
- Hum. Não, não. Mais seco. Tipo “ámôr”. Bem rápido, sem muita melação.
- Será que ela chora de saudade sempre que ele vai embora também?
- Que pergunta! Como vou saber isso? Acho que não, sei lá.
- Será que de vez em quando ela lembrava de mim olhando pra ti?
- Decerto.
- E tu acha que depois da janta eles foram até a colina de fusca pra ver as estrelas e dar uns amassos ouvindo o disco do Barry White?
- Claro que não! Ele tem um Wolkswagen bem moderno. E ele não tem cacife pra fazer ela andar de fusca azul, cara. Ninguém é como tu que leva mulher pra ver a lua ouvindo essas musiquinhas bregas.
- Pô, cara. Valeu. É, eu já sabia. Mas o importante é que mesmo assim ela tá feliz, né?
- É. Tá.
- Então tá bom.

Sugiro


ATENÇÃO: 
Contem Spoilers.


Shame inicia-se com um corpo nu. Michael Fassbender desfila pelos corredores de sua casa. Ele vai ao banheiro, urina, depois caminha em direção à câmera, em cena de nu frontal que revela o sexo ao mesmo tempo em que esconde o rosto. A imagem nunca abandona este corpo, mesmo quando está deitado na cama, com aspecto cadavérico, sob uma luz esbranquiçada. Este início resume bem o conceito do filme: tratar de um corpo, de sua nudez, sem qualquer fetiche ou glamorização.

Aliás, pode-se dizer que poucas vezes uma produção com tantas cenas de sexo foi tão pouco erótica ou excitante. O ato sexual, em Shame, é mostrado de maneira incômoda, como um martírio: o protagonista Brandon, obcecado por sexo, entrega-se às mulheres que cruzam seu caminho como um animal que caminha ao abatedouro. Engana-se quem pensa que a vida deste Don Juan é um paraíso: o rico publicitário é prisioneiro dos próprios desejos, refém de suas pulsões. O sexo não é consequência do afeto ou da sedução, apenas uma necessidade fisiológica a ser saciada regularmente, como a sede ou a fome.

À obsessão do protagonista adiciona-se outra, paralela, do realizador. Steve McQueen, artista plástico que havia iniciado sua carreira cinematográfica com Hunger, retoma o tema do martírio corporal e repete a parceria com Fassbender. Para fazer da compulsão o seu tema, McQueen não relata nenhuma cena que não tenha conotação sexual: quando Brandon vai ao banheiro do trabalho, é sempre para se masturbar; quando uma garota o encontra, eles necessariamente transam, quando ele liga o computador, a página acessada tem invariavelmente um conteúdo pornográfico. O filme mergulha o espectador na vida e na doença do personagem, de modo que não vemos nada além da repetição típica do mecanismo obsessivo: assim como o Brandon, a imagem só pensa, mostra e reflete o sexo.

A entrada da irmã do personagem na história poderia apresentar um contraponto simétrico (se ela fosse conservadora ou pudica, talvez), mas ele apenas adiciona um ponto de vista para tornar mais complexo o tema da vergonha, escancarada pelo título. Sissy, a irmã, interpretada magistralmente por Carey Mulligan, também tem uma dependência, e uma compulsão, mas no caso dela, o problema é de ordem afetiva. Pela natureza volátil e possessiva de Sissy, e pelo caráter sexualizado de Brandon, nenhum dos dois consegue ter uma relação amorosa estável, saudável – vide a triste cena em que Brandon não é capaz de transar com a gentil colega de trabalho, saciando-se apenas com uma prostituta.

A convivência entre Sissy e Brandon não poderia deixar de ser explosiva, e o roteiro explora este confronto às últimas consequências, numa cena que muitos interpretaram como uma clara insinuação incestuosa... De qualquer modo, Shame é construído como uma gradação: os personagens estão condenados a certo comportamento, que será repetido com frequência cada vez maior, em intensidade cada vez maior. Este drama cruel e sem lágrimas prefere a sensação de incômodo, a frontalidade da imagem e do tema como alternativa à piedade. Sem sentimentalismo nem apelo ao erotismo, Shame compõe uma imagem triste e cruel do sexo, como o cinema raramente havia ousado apresentar.

[Bruno Carmelo]

Download completo AQUI.

domingo, 22 de abril de 2012

Se todos os rios são doces...


__________________________________

Se todos os rios são doces, 
de onde o mar tira o sal?

Como sabem as estações do ano 
que devem trocar de camisa?

Por que são tão lentas no inverno 
e tão agitadas depois?

E como as raízes sabem que devem 
alçar-se até a luz e saudar o ar 
com tantas flores e cores?

É sempre a mesma primavera 
que repete seu papel?

E o outono?... ele chega legalmente 
ou é uma estação clandestina?
__________________________________

[Pablo Neruda]

Você parece com a Björk

Björk

Mais fotos AQUI.

Drops

Pequenos erros de continuidade me irritam.

#BomDia

Morangos e Porques


A saudade de você é muita e pesada e pesa bem aqui no meu ombro direito e fica fazendo um barulhinho inconveniente na minha orelha e eu fico chacoalhando a cabeça e pigarreando e isso já virou um cacoete .

Os corpos começam a boiar... por mais que demore, eles sempre acabam vindo à tona. 

Tenho sentido tanta falta sua que até dói. Preciso mudar logo daqui. Esse clima ruim daqui tem contribuído muitamente para piorar meu já parco juízo mental. Esse confinamento nesse quarto esta me deixando louco. Hje mesmo abri de novo sua pasta de filmes, mas não consigo assistir nenhum deles, parecem ser muito ruins. Mas vou assisti-los pra depois poder jogar na sua cara.

Preciso que você encontre pra mim o texto da sandalia amarela porque quero colocar ele no blog. Sei que tenho te dado muito trabalho ultimamente. Confesso que me arrependi de ter pedido pra você ir nos correios. Sei q você detesta sair da sua rotina, que seu horário de almoço esta restrito, que sua empatia é nenhuma, mas acho que foi mais um descuido, falta de empatia da minha parte, talvez porque queria falar com você, talvez porque a minha aliança estava na porra da carteira e isso esta pesando muito no meu ombro esquerdo. O que provocaria um certo equilíbrio, mas na verdade é muito peso nos ombros, muito mais que a mão de uma criança. 

Minha vida esta tão divertida e emocionante. Terça feira vou extrair dois dentes. Mas imagino que a doutora Denise me aplicara anestesia antes do procedimento. Por motivo de força maior não irei pra festa de anos do meu pai. Se todos os filhos fossem eu faria questão de ir, mas nenhum dos exilados irão, mas eu queria muito ir. Acho q a concordância verbo-nominal desse parágrafo ficou uma merda. 

Hoje sai às 16h, como em toda sexta, cheguei em casa, tomei um banho e saí. Sempre que passo pelo Fernandez me lembro de você, hoje especificamente me lembrei bastante da caipirinha, mas não quis ir lá sozinho. Acabei indo até o Açaizeiro pra comer um açaí e descobri que ainda estou frágil porque chorei quando chegaram os morangos. Ela sempre será a menina que me ensinou a gostar de morangos, o que seria um bom título pra um livro. 

Depois passei no Mercadorama para comprar biscoitos e coisas que não precisam ser preparadas na cozinha porque não me sinto à vontade para usar a cozinha aqui. E na sessão de horti-frutti haviam uns morangos lindos e é muito triste não ter pra quem comprar morangos tão lindos e ainda bem que eu estou com esse pigarro faz dias porque o mercado estava cheio mas o povo deve ter achado que eu estava gripado ou louco porque eu chorava e pigarreava e chacoalhava a cabeça. 

O mundo anda tão carente de empatia e vc aí com esse seu talento latente escondido.

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*Nunca fui bom com o uso dos porques. Uso sempre esse "porque", em qualquer circunstância.